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O xadrez econômico Argentina X Brasil

Leia a coluna de Írio Grolli na Quinta da Opinião

Em meio a uma crise econômica e social sem precedentes, o presidente argentino veio ao Brasil em busca de apoio financeiro e nos pressionar para obter um empréstimo.

A Argentina caminha para uma hiperinflação de mais de 100% ao ano. A inflação como é sabido  é pior que juros altos porque as pessoas não têm como controlar o próprio orçamento. Atualmente o peso boliviano vale mais que o peso argentino. Há um descontrole cambial. As reservas do Banco Central estão praticamente zeradas. Um dólar oficial custa 230 pesos já o dólar paralelo está custando 470 pesos. Alguns economistas falam em até 600 pesos neste ano. 

No dia 13 de agosto   estão marcadas as eleições primárias que vão definir quais são os candidatos a presidente no dia 22 de outubro. Imagina-se uma disputa eleitoral em um país onde a pobreza atinge cerca de 39% da população: cerca de 18 milhões de um total de 44 milhões de habitantes.

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 Um dos setores importantes da economia argentina é o agronegócio, que  está vivendo a pior seca dos últimos cem anos. Como consequência, está havendo uma queda na produção de grãos de 34%, razão pela qual aquele país não vai exportar trigo, milho, soja e carne. Essa crise na cadeia deve diminuir o motivo pelo menos vinte um bilhões de dólares de exportação. 

Isso posto, entende-se que o objetivo do Presidente Alberto Fernández é buscar uma linha de crédito para financiar empresas brasileiras que exportam para a Argentina através de um fundo garantidor. 

Como a Argentina não tem reservas em dólares, não tem como pagar as importações que entram no País. Por  estas razões o governo argentino está impondo restrições às importações, mais precisamente limitando-as.   Os exportadores brasileiros às vezes tem que esperar seis meses ou mais para receber. Ou seja, como a Argentina não tem dólares para bancar o pagamento aos exportadores brasileiros, achou melhor pedir dinheiro emprestado ao Brasil.

Essa solução, pensada pelo governo argentino, faz pressão nos exportadores e consequentemente no governo brasileiro. Caso o Brasil se negue a fazer o empréstimo pedido pelos “hermanos”, estes vão começar a parar os caminhões brasileiros na fronteira em razão da limitação cada vez maior das importações. E há ainda mais componentes nesse jogo de xadrez:  caso o Brasil não conceda o empréstimo para financiar suas importações, a Argentina vai buscá-lo na China, pois possui esse tipo de acordo com os chineses.  

Observado esse intrincado tabuleiro, destaco a posição em que fica o Brasil: sofre pressão do país vizinho que praticamente impõe um empréstimo justamente em ano de eleição presidencial (ou talvez seja justamente essa razão do pedido: um governo que quer ajuda para financiar suas importações, mitigar a crise e ganhar confiança do povo).

Ouso dizer que os hermanos vão insistir, tentando replicar o acordo que tem com os chineses. Se o Brasil não ceder, como ficam nossas empresas exportadoras? Perdem para os chineses?

Longe do óbvio, estes são alguns dos motivos que trouxeram o presidente argentino ao Brasil.

Vamos aguardar …

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