A equipe de reportagem do ClicRDC recebeu no decorrer de 2022 e início deste ano de 2023, diversas reclamações de moradores e boletins da Polícia Militar, a qual informa a frequência de furto de fios em Chapecó, Oeste de Santa Catarina.
Neste mês de março, o ClicRDC realizou um levantamento de dados sobre os furtos de fios, juntamente com a Polícia Civil e apontou que no ano de 2021, foram registradas 249 ocorrências, destas, 24 foram conduzidas à Central de Plantão Policial e apenas 11 suspeitos foram identificados.
Dados da Polícia Civil:
No ano de 2022, os dados da Polícia Civil apontam 390 furtos de fios cometidos no ano, um aumento de mais de 100 casos, que resultaram em prejuízos para a população, órgãos públicos e empresas privadas, dentre eles em março, o Posto de Saúde do Bairro São Pedro, de Chapecó, suspendeu os atendimentos após o furto de fios. Já em outubro, ouvintes do programa Som e Café News, da Oeste Capital FM, que trabalhavam na rua Dionísio Nogueira dos Santos, no bairro Paraíso, em Chapecó, foram vítimas de furto, criminosos roubaram os fios do poste de energia do local de trabalho. Devido ao fato, o local ficou sem energia elétrica. Além dos diversos furtos que a Arena Condá sofreu no decorrer do ano, gerando prejuízo de R$ 200 mil reais.
Operação “Apagar das Luzes”:
A operação mais recente realizada pela PM, “Apagar das luzes”, visando coibir e apreender os crimes de furto de fios de cobre, apreendeu mais de 500 kg de objetos entre fios, baterias de veículos automotores, entre outros objetos.
Destes casos, apenas 39 foram conduzidas à Central de Plantão Policial e 13 suspeitos foram identificados. Um aumento de 140 casos, em comparação com o ano de 2021. Neste ano de 2023, entre o mês de janeiro e fevereiro, a Polícia Militar registou 11 ocorrências.
Ainda segundo a Polícia Militar as pessoas que cometem esses furtos geralmente são usuários de drogas. Uma observação feita pela Polícia chama a atenção, o problema não está apenas em quem comete o furto, mas também em quem compra esse tipo de material. Afinal de contas, o receptador acaba colaborando para que os furtos sigam ocorrendo. Se não houver o receptador, não haverá onde e a quem vender. As autoridades entendem que tanto os autores dos furtos quanto os receptadores precisam ser punidos.
O que está sendo feito pela Promotoria e a Vara Criminal?
Em contato com a 14ª Promotoria de Justiça da Comarca de Chapecó, que atua nas áreas da tutela Difusa da Segurança Pública e do Controle Externo da Atividade Policial, foi informado sobre as constantes conversas com a Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal sobre as ocorrências de furto de fios no município, além do tema ser abordado durante as inspeções rotineiras.
Ainda, em 2022, as Promotorias de Justiça que atuam na área criminal na Comarca ofereceram 23 denúncias contra alguns responsáveis pela prática desses crimes.
Dados da 1ª Vara Criminal da comarca de Chapecó, que é uma das unidades que recebem essa demanda, mostram que 25% das prisões preventivas decretadas na Vara são para autores de furtos de fios de cobre. O juiz titular da unidade, Jeferson Osvaldo Vieira, ressalta que há atenção especial à alta incidência desse tipo de ocorrência e que, quando a legislação permite, são emitidas decisões mais drásticas, como prisão preventiva que, inclusive, tem sido decretada em quantidade bastante expressiva no último ano. Cada caso é analisado individualmente avaliando gravidade do caso e histórico do autor do crime e, a partir de então, são cumpridas as normas legais.
Um empasse enfrentado diariamente pelos magistrados é que, pelo fato de se tratar de crime sem violência, a legislação determina que o autor deve responder ao processo em liberdade. A condenação prevista é em regime aberto ou penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade. Somente nos casos em que o acusado é reincidente, ou seja, já tenha condenações anteriores, é que se torna possível reprimendas mais rigorosas. Uma recente sentença emitida pela unidade condenou o autor de furto dessa natureza a três anos, seis meses e 20 dias de reclusão, em regime fechado, o que foi possível devido à multirreincidência do acusado. Ele foi preso momentos após subtrair fios de energia elétrica de uma escola, no bairro Jardim Itália. O material foi avaliado em R$ 450.
“Somos sabedores e compactuamos com o anseio da comunidade por medidas que estanquem o crescente número de ocorrências de furtos de cabeamentos em nosso município. O Poder Judiciário está atento e atuante dentro do que a legislação prevê”, explica o Juiz.
