domingo, dezembro 22, 2024
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Vale a pena comprar carro elétrico sem estrutura e assistência adequadas?

Confira a coluna do Doutor em Ciências Contábeis e Administração, Givanildo Silva

Foto: ClicRDC

A eletrificação de veículos no Brasil está avançando rapidamente, com um número crescente de carros elétricos e híbridos sendo vendidos no mercado. No entanto, a infraestrutura necessária para apoiar essa transformação ainda está aquém das necessidades. Essa discrepância representa tanto um obstáculo para os consumidores quanto uma oportunidade bilionária para diversos setores da economia.

Crescimento das vendas de carros elétricos

No primeiro semestre de 2024, o Brasil registrou a venda de 79 mil carros elétricos e híbridos, um aumento significativo em comparação com as 32 mil unidades vendidas no mesmo período de 2023. A expectativa é que esse número continue a crescer com o início da produção de veículos elétricos pelas montadoras chinesas BYD e GWM em solo brasileiro. Essas empresas serão as primeiras a fabricar veículos leves elétricos em escala no Brasil, acelerando ainda mais o ritmo de eletrificação no país.

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Desafios na infraestrutura

Apesar do aumento nas vendas, a infraestrutura de recarga no Brasil não está acompanhando o ritmo de crescimento da frota de veículos elétricos. Atualmente, o país possui apenas 8,8 mil pontos de recarga para cerca de 300 mil veículos elétricos em circulação. Além disso, há uma escassez de autopeças e profissionais especializados, o que dificulta a manutenção e o suporte a esses veículos. A falta de postos de recarga em rodovias e áreas urbanas representa um desafio significativo para os motoristas, que podem enfrentar dificuldades ao tentar percorrer longas distâncias.

Oportunidades de negócio

Essa lacuna na infraestrutura, no entanto, abre espaço para oportunidades significativas em diversos setores. O descompasso entre a crescente frota de veículos elétricos e a infraestrutura disponível cria demandas em áreas como autopeças, manutenção, locação de veículos, instalação de postos de recarga, comércio e até no setor imobiliário. As estimativas são que, a partir de 2030, a cadeia de veículos elétricos no Brasil movimentará mais de R$ 200 bilhões por ano, com 10% da frota nacional sendo composta por veículos movidos a bateria. O setor automotivo poderá gerar R$ 167 bilhões desse total, com autopeças, locação de veículos e serviços de carga também se beneficiando substancialmente.

Recarga: Um desafio e uma oportunidade

A recarga é uma das questões mais urgentes a serem resolvidas no Brasil. A escassez de eletropostos em rodovias e áreas urbanas deixa motoristas inseguros, especialmente ao percorrer longas distâncias. Embora o governo incentive a eletrificação, ele não investe diretamente na construção de eletropostos, deixando essa responsabilidade para as montadoras. A Volvo, por exemplo, recentemente decidiu cobrar pelo uso de seus pontos de recarga por veículos de outras marcas, uma medida que visa pressionar outras empresas a investirem na infraestrutura de recarga.

Impacto no consumo de energia e novos modelos de negócio

A demanda por recarga de veículos elétricos deve aumentar em 2% o consumo nacional de eletricidade até 2030, postos de abastecimento e centros comerciais estão se adaptando para atender a essa nova realidade, criando oportunidades de vendas adicionais enquanto os motoristas aguardam a recarga de seus veículos. Essa adaptação pode incluir a instalação de pontos de recarga rápida em estradas e áreas urbanas, além da criação de novos modelos de negócios que aproveitem o tempo de espera do cliente.

Iniciativas de grandes empresas

Grandes empresas de energia e redes de postos de combustíveis estão investindo ativamente em pontos de recarga rápida. A Vibra, dona da rede de postos Petrobras, planeja expandir sua rede de eletropostos para 70 unidades até 2025, cobrindo 9 mil quilômetros de rodovias, com 50 pontos em estradas e 20 em centros urbanos. Essa iniciativa reflete a crescente importância da infraestrutura de recarga para o futuro da mobilidade elétrica no Brasil.

Setor imobiliário e adaptação dos condomínios

O mercado imobiliário também está respondendo à demanda por infraestrutura de recarga. Pontos de recarga para veículos elétricos estão se tornando um diferencial cada vez mais valorizado em novos empreendimentos, substituindo os diferenciais tradicionais como academias e espaços gourmet. Condomínios maiores estão começando a se estruturar para oferecer esses pontos de recarga, embora ainda haja resistência por parte de moradores que não utilizam veículos elétricos. No entanto, a tendência é que esses serviços se tornem um padrão, contribuindo para a valorização dos imóveis.

Falta de estrutura: Desafio X oportunidade

A falta de estrutura para carros elétricos no Brasil representa um desafio significativo para consumidores e montadoras, mas também uma oportunidade bilionária para diversos setores da economia. Com previsões de crescimento acelerado e transformações nas dinâmicas de mercado, investir na infraestrutura de recarga e nos serviços relacionados ao setor automotivo elétrico é essencial para aproveitar as oportunidades que surgem com a eletrificação da frota nacional.

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