Um levantamento coordenado pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) mostra que o principal componente do custo de produção do arroz, em Santa Catarina, voltou a ser o arrendamento de terras. Na safra 2023/2024, cerca de 57,10% da área plantada com o cereal era arrendada ou cultivada em sistema de parceria. Conforme a economista e analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão, esse tipo de sistema de produção é comum para a cultura, mas ganhou mais importância nos últimos anos e tem sido um dos responsáveis pelo aumento do custo de produção.
A Epagri/Cepa acompanha a evolução do custo de produção referencial do arroz desde 2019. Essas informações estão disponíveis no site deste Observatório Agro Catarinense (aqui). No período de 2019 a 2023, o custo do arrendamento de um hectare para o plantio de arroz, em valores nominais, praticamente dobrou. Passou de aproximadamente R$2,1 mil para R$4,1 por hectare, um crescimento de mais de 95%. Para a safra 2024/2025, a estimativa é de mais um aumento significativo nesse valor, que deve chegar a R$5,3 mil por hectare, de acordo com os dados levantados pela Epagri/Cepa no mês de julho.
Segundo ela, um aspecto que tem sido observado é que, de maneira geral, as áreas arrendadas alcançam menores produtividades médias do que aquelas que são de propriedade do produtor. Uma das possibilidades para esse resultado é a degradação do solo, que não recebe cuidados permanentes; outra é que, ao aumentar a área, alguns produtores optam por um pacote tecnológico mais barato, já que o montante total de recurso investido é maior.
Motivo do arrendamento
Conforme a economista, os motivos para a crescente participação do arrendamento na área plantada com arroz, em Santa Catarina, são diversos. Após o encerramento da safra 2023/2024, os extensionistas da Epagri aplicaram um questionário a diversos produtores que, entre outras questões, sondou os motivos do arrendamento. “Percebemos que os motivos são diversos, mas na maioria das situações não parece haver uma avaliação aprofundada sobre a rentabilidade potencial com ou sem o arrendamento de áreas”, explica Glaucia.
Entre os motivos apontados pelos agricultores está o aumento do custo de produção. Isso porque, com margens menores de lucro, alguns produtores buscam aumentar o volume produzido e, dessa forma, melhorar sua posição no mercado. Ou seja, o custo de produção é um dos motivos e, também, um dos fatores influenciados pelo arrendamento.
Glaucia explica que outro motivo é a diluição de custos fixos, especialmente com a manutenção de maquinário. “Mesmo que o maquinário fique parado, há um custo de manutenção, por isso, é mais vantajoso utilizar esses equipamentos para a produção”, afirma. Por último, a saída de produtores da atividade também é indicada como motivo para o arrendamento, já que disponibiliza áreas já preparadas para o cultivo de arroz.
Aspectos a serem considerados
Para a economista, três aspectos precisam ser considerados no momento da decisão sobre arrendar ou não uma área para plantio. O primeiro é avaliar se existem ativos (máquinas e equipamentos) subutilizados que justifiquem a diluição dos custos. O segundo é a produtividade média que o produtor alcança, pois esse é um fator que, combinado aos preços, permite uma maior ou menor capacidade de pagamento pelo arrendamento. Por último, é importante avaliar a projeção de preços para a safra. Esses valores podem mudar, mas a projeção auxilia, ao menos, na avaliação do risco que o agricultor está disposto a correr.
Cotações:
⦁ Dólar: R$ 5,46
⦁ Saca da soja 60kg: R$ 122,00
⦁ Saca de feijão-carioca 60kg: R$ 197,60
⦁ Saca de feijão-preto 60kg: 309,65
⦁ Saca de milho 60kg: R$ 62,17
⦁ Arroba do boi: R$ 246,90
⦁ Litro do leite: R$ 2,64
Por Observatório Catarinense