
Desde sua suspensão em 2019, o horário de verão tem sido objeto de debate no Brasil. Agora, em 2024, o governo federal está reconsiderando a retomada da medida, que pode trazer repercussões significativas para diversos setores da economia. Esta análise examina os principais impactos esperados, tanto positivos quanto negativos, que a volta do horário de verão pode ter nos negócios, no consumo e no sistema energético do país.
Impactos positivos: Turismo e comércio em alta
Um dos setores mais beneficiados com o horário de verão é o de turismo, especialmente em regiões litorâneas e em cidades com grande oferta de lazer e cultura. Com dias mais longos e mais luz natural no final da tarde, os turistas tendem a aproveitar mais as atrações locais, aumentando o fluxo em bares, restaurantes e estabelecimentos de entretenimento. Segundo especialistas, o prolongamento das atividades ao ar livre também favorece a movimentação no varejo, estimulando o consumo de maneira geral.
Além disso, o setor de entretenimento e eventos ao ar livre pode ver uma expansão nas oportunidades de negócios, com o aumento da circulação de pessoas no início da noite. Para as cidades que dependem do turismo interno, a volta do horário de verão pode representar uma injeção de ânimo na economia, principalmente durante os meses mais quentes do ano.
Efeitos limitados no setor energético
O objetivo histórico do horário de verão sempre foi reduzir o consumo de energia, especialmente nos horários de pico, entre o final da tarde e início da noite. No entanto, com as mudanças nos padrões de consumo energético, os especialistas acreditam que os ganhos dessa prática são menores do que no passado. O uso intensivo de aparelhos como ar-condicionado e ventiladores, mesmo durante o dia, neutraliza parte da economia que a medida poderia gerar.
Apesar disso, a medida ainda pode aliviar o sistema energético em momentos críticos, como o atual cenário de seca no Brasil, que impacta a produção de energia hidrelétrica. A possibilidade de reduzir o uso das termelétricas nas horas de maior demanda, se for pequena, ainda é vista como positiva.
Desafios para produtividade e ciclo biológico
Por outro lado, a volta do horário de verão não vem sem controvérsias. Um dos principais desafios que as empresas podem enfrentar está relacionado aos impactos no ciclo biológico e na produtividade dos trabalhadores. A alteração do relógio pode desregular o sono e os hábitos diários, especialmente nos primeiros dias de adaptação. Essa mudança no ritmo biológico pode levar a uma queda no desempenho dos funcionários, prejudicando o setor produtivo.
Além disso, em setores como a agricultura, onde as jornadas de trabalho são muitas vezes definidas pela luz do dia, o horário de verão pode ser um obstáculo, exigindo ajustes que nem sempre são fáceis ou eficientes.
Uma decisão iminente
O governo federal deve tomar uma decisão final sobre a volta do horário de verão ainda este mês. O Ministério de Minas e Energia está conduzindo estudos que avaliam os impactos econômicos e sociais da medida, levando em consideração o contexto atual de seca e pressão no setor energético. Caso seja aprovada, a medida deverá ser implementada entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, como ocorria nos anos anteriores.
Em última análise, a volta do horário de verão pode ser uma solução parcial para a crise energética e uma oportunidade de revitalização para setores como turismo, lazer e comércio. No entanto, seus efeitos no consumo de energia e na produtividade precisam ser avaliados com cautela, levando em conta as mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros ao longo dos últimos anos.