A Polícia Científica de Santa Catarina (PCISC), em colaboração com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou um estudo sobre os perigos associados aos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), também conhecidos como cigarros eletrônicos, vapes ou pods. Apesar da proibição desses dispositivos no Brasil pela Anvise, que impede sua fabricação e comercialização, o uso tem aumentado, especialmente entre os jovens. O estudo, apresentado no Congresso Brasileiro de Toxicologia, focou na análise química de amostras apreendidas em Joinville. Utilizando técnicas como Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS), foram examinadas amostras de três marcas distintas de DEFs.
Os resultados mostraram a presença de octodrina, uma substância estimulante do sistema nervoso central não declarada nas embalagens dos produtos. Também conhecida como dimetilhexilamina (DMHA), a octodrina possui propriedades semelhantes às anfetaminas e apresenta riscos significativos à saúde, incluindo efeitos adversos cardiovasculares e potencial para dependência. A detecção dessa substância em todas as amostras analisadas levanta preocupações quanto à falta de transparência na composição dos DEFs disponíveis no mercado clandestino. Os achados alertam para o risco ainda maior do consumo desse tipo de dispositivo.
Para a perita criminal bioquímica Gisele Parabocz, uma das responsáveis pela análise, “a investigação detalhada desses produtos em Santa Catarina é essencial para entender melhor os riscos associados ao seu consumo e para embasar políticas públicas de saúde mais eficazes. Ela enfatiza a importância da fiscalização rigorosa desses produtos irregulares”. Este estudo colaborativo entre a PCISC e a UFSC destaca o papel da ciência forense na identificação e mitigação dos riscos à saúde pública. Projetos futuros estão planejados para expandir a pesquisa, incluindo uma maior diversidade de amostras, visando fornecer mais insights sobre a composição química dos DEFs e seus potenciais efeitos adversos.
A perita-geral Andressa Boer Fronza destaca que “este tipo de estudo é muito importante e mostra o alto valor da colaboração entre a Polícia Científica e a comunidade científica, enfatizando que essa é também uma das atribuições da PCISC”.
Por Secom