
A classificação da Chapecoense para a elite do futebol brasileiro reacendeu, na noite de domingo (23), um sentimento que atravessa gerações. Entre os mais emocionados estava Altair Zanella, 52 anos depois de participar da reunião que, em 10 de maio de 1973, daria origem à Associação Chapecoense de Futebol. O reencontro com a narração do gol decisivo fez o fundador reviver, como se fossem de ontem, os primeiros passos do clube que ajudou a erguer.
Zanella recorda que, ao lado de amigos, plantou “a semente de um sonho” sem imaginar a amplitude que ele tomaria. A equipe que nasceu para representar a cidade no cenário estadual se tornaria, décadas depois, protagonista nacional, acumulando conquistas, superações e capítulos marcantes — alguns de celebração, outros de profunda dor.
A confirmação do retorno à Série A coroou anos de reconstrução e alimentou o orgulho de quem acompanhou a instituição desde o zero. Para Zanella, a vitória representa mais do que uma campanha bem-sucedida: é a comprovação de que o ideal que o grupo de fundadores alimentou em 1973 continua vivo.
Chapecoense, Seu Zanella e a história
Imaginamos a cena: uma quinta-feira, 10 de maio de 1973. Avenida Getúlio Vargas, próximo ao cruzamento com a rua Marechal Bormann, um dos pontos mais centrais de Chapecó. Um apaixonado por futebol chega até os seus amigos e fala: ‘vamos formar um time aqui na cidade!’. Logo de cara, ele recebe a resposta: ‘está louco, Lotário?!’. Foi assim, o primeiro diálogo sobre a criação da Associação Chapecoense de Futebol. Altair Zanella, aos 82 anos, um dos fundadores do clube, lembra até hoje do diálogo sobre a criação da Chape.
“Foi na avenida inclusive, na avenida Getúlio Vargas, em frente ao Bradesco. Ali, nós se reunirmos, eu, Lotário (Lotário Immich), Pelisser (Alvadir Pelisser) e o Dimas (Vicente Delai), inclusive o Lotário chegou no meio do bolo, com o escudo da Chapecoense, bordado, tudo direitinho, como está hoje na camisa inclusive. Ele chegou e provocou a gente. Na época não tinha time, pois recém tinha acabado o Independente e o Chapecó. Ai ele disse: ‘vamos formar um time aqui na cidade!’. Inclusive o Dimas disse: ‘está louco Lotário?!’”, relembrou o seu Zanella.
Conforme a Chapecoense, em seu site oficial, pode se dizer que a Chape surgiu na ideia de jovens apaixonados pelo esporte e da união dos clubes; Clube Atlético Chapecó e Independente Futebol Clube, que haviam sido desativados na época. Na ata de criação do Verdão destacam-se os nomes de Alvadir Pelisser, Heitor Pasqualotto e Altair Zanella, representantes do Clube Independente, Lotário Immich e Vicente Delai, representantes do Clube Atlético de Chapecó.
Seu Zanella explicou que Lotário foi quem puxou a frente para criação da Chape, inclusive, a primeira ata foi feita na loja dele, na época localizada na esquina da Getúlio Vargas com a praça, no centro, em frente à Catedral Santo Antônio. Foi nessa reunião, que foi formada a primeira diretoria do Verdão:
Presidente: Lotário Immich;
Vice-Presidente: Gomercindo L. Putti;
Secretário: Jair Antunes de Silva;
2º Secretário: Altair Zanela;
Tesoureiro: Alvadir Pelisser;
2º Tesoureiro: Paulo Spagnolo;
Diretor Esportivo: Vicente Delai;
“Ai ele tirou do paletó dele, o escudo, como está hoje. Desenhado exatamente como está hoje. Ele mostrou para nós. Estávamos eu, o Lotário, o Pelisser e o Dimas. Ai o Lotário disse: ‘Vocês colaboram comigo e eu tomo a iniciativa’. Inclusive ele tinha uma loja ali na esquina da Getúlio Vargas com a praça, no centro, em frente à Igreja. O Jair, funcionário dele, bateu a ata, a primeira ata do clube”, contou seu Zanella sobre a primeira ata da Chape.
“Eu me sinto orgulhoso, inclusive eu tenho uma certa mágoa, porque ninguém comenta sobre o Lotário, mas ele foi o homem que deu o pontapé, para criar esse time que eu amo tanto, vou amar e não vou esquecer nunca”, relembrou Altair Zanela, sobre a importância de Lotário Immich, na criação da Chapecoense.






