Os últimos acontecimentos envolvendo a Polícia Civil, especialmente o delegado-geral Ulisses Gabriel, geraram um clima de desconforto entre os delegados. Pressões para emissão de notas à imprensa estão sendo contestadas. Delegados afirmam categoricamente que não aceitam ser incluídos em uma situação da qual não querem fazer parte. Eles consideram uma questão particular de Ulisses e que não deve envolver a Polícia Civil, evitando desgastes para um órgão que conta com uma boa reputação diante da população.
Ao todo, a coluna recebeu quatro notas até o momento. A última, do Conselho Superior da Polícia Civil, que não tem assinatura. A explicação de alguns membros da polícia é que Ulisses pediu para a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina (ADEPOL-SC), Sindicato dos Policiais Civis de Santa Catarina (Sinpol), Diretoria Estadual de Investigações Criminais, para a Coordenadoria Estadual de Combate à Corrupção (DEIC) e, por fim, a nota do conselho, que fossem emitidas como forma de mostrar para a população que todo o órgão está fechado com ele, o que não corresponde à realidade, tendo em vista as manifestações de policiais que falaram sob a condição de sigilo. “Estamos indignados e nos sentindo pressionados, pois essas notas não refletem o sentimento da maioria, pois sabemos que o que tem ocorrido não atinge a Polícia Civil, mas, sim, o delegado-geral”, relatou uma fonte.
Um dos relatos dá conta de que o delegado-geral chegou a pedir que a nota do conselho, que preside, fosse publicada com urgência. Pelo regimento, seria necessária a convocação de uma reunião, a qual não aconteceu. Ficou acordado por WhatsApp e foi redigida por um dos delegados próximos a ele.
A grande preocupação dos delegados é com o teor das denúncias que serão apresentadas pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), ao Ministério da Justiça. Fontes próximas ao pessedista afirmam que os documentos são fortes, mas até o momento ninguém vazou o conteúdo. As fontes policiais entendem que, confirmando o potencial explosivo, que possa respingar numa instituição que, tem uma atuação totalmente imparcial e com claro objetivo de atuar pelos interesses da sociedade.
Nota da coluna
A coluna recebeu quatro notas. Chama a atenção a quantidade e até mesmo o teor de algumas. A dúvida que fica é: essas notas foram para fazer uma defesa do delegado-geral Ulisses Gabriel ou da entidade Polícia Civil? É preciso que se esclareça, pois o SCemPauta acredita no funcionamento das instituições e não podemos aceitar, se uma das possibilidades para tantas manifestações for, supostamente, alguma tentativa de intimidação do trabalho da imprensa. Tanto nesta coluna quanto na dos demais colegas do SCemPauta sempre defendemos e seguiremos defendendo quem atua no setor da segurança pública. Em um país violento como o nosso, temos a obrigação de fortalecer os nossos policiais, seja de qual polícia for, mas não podemos nos calar quando tivermos que questionar os órgãos de segurança. Além disso, chama a atenção o constrangimento de inúmeros policiais que entraram em contato conosco. As polícias sempre terão o nosso apoio, desde que estejam a serviço do Estado, ou seja, da sociedade como um todo!
A propósito
Também é importante que a Diretoria de Investigações Criminais da Polícia Civil (Decor) informe se, diante de tantas denúncias sérias envolvendo o Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina S.A. (Ciasc), foram abertos procedimentos para apurar tudo o que foi divulgado pelo O Globo e também pelo SCemPauta.
Depoimento
O governador Jorginho Mello (PL) deve prestar nesta semana o depoimento para a Polícia Federal, a respeito de sua fala sobre o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto. Jorginho disse em entrevista que os dois se falam muito e que espera que possam voltar a se falar pessoalmente para se ajudarem ainda mais. A fala provocou um pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para que a PF ouça o governador, que tem o direito de marcar o local e horário da oitiva. Acontece que o prazo máximo de 15 dias para que Jorginho fale está se esgotando. O entorno do governador está apreensivo com a possibilidade de a fala prejudicar ainda mais a situação de Bolsonaro.
Vai processar
O senador Jorge Seif Júnior (PL) vai processar o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na delação que vazou, Cid aponta Seif como um dos integrantes da ala radical que instigava Bolsonaro a dar um golpe de Estado. Não foi a primeira vez que Cid faz uma citação a Seif. Em maio de 2023, se tornou público que o militar debochava de alguns parlamentares do PL, entre os quais Jorge Seif. Em uma conversa em 2021, Cid escreveu a um colega de Planalto: Ainda bem que Seif e Gilson sumiram nesta semana”.
Outro deboche
Dois meses depois, dando risada, o tenente-coronel Mauro Cid disse ao então chefe de gabinete Célio Faria, que avisou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) que o senador Jorge Seif Júnior (PL) gostaria de falar com ele. O ex-presidente respondeu com um xingamento. Após, Cid enviou uma publicação de Seif em uma rede social a Bolsonaro: “Não vou falar nada…” Faria respondeu com um emoji de enjoo.
Sinal de alerta
Acendeu o sinal de alerta no grupo mais próximo do governador Jorginho Mello (PL). A repercussão do evento realizado pelo PSD em Itapema, em que o prefeito de Chapecó João Rodrigues, definitivamente anunciou a sua pré-candidatura ao Governo do Estado, provocou o entendimento de que será preciso abrir o governo para tentar segurar o crescimento do pessedista. O assunto foi tema até mesmo nas comemorações do aniversário de Filipe Mello. A leitura é que o evento foi muito prestigiado e que começa a atrair partidos que estão próximos a Jorginho.
Emblemático
A sinalização do deputado estadual Antídio Lunelli (MDB) que comentou positivamente na postagem do discurso do prefeito de Chapecó João Rodrigues (PSD), não foi bem-vista pelo núcleo duro do governador Jorginho Mello (PL). Lunelli foi um entusiasta da entrada do MDB no governo, depois recuou e não aceitou assumir a Secretaria de Estado da Agricultura. Por fim, comentou na postagem de Rodrigues. Uma fonte acredita que o governador começa a perder o controle dos aliados.
Modais
Beto Martins retoma hoje o comando da Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias. Uma das primeiras ações será o envio do projeto da Lei das Ferrovias para a Assembleia Legislativa. Sendo aprovado, novas áreas para ferrovias poderão ser concedidas pelo Estado, sem necessitar da União. Para os aeroportos, Martins quer equipar os terminais com o objetivo de que o estado tenha o maior parque aeroviário do Brasil. E quanto aos portos, o prosseguimento do projeto de alargamento do canal de acesso na Babitonga, para o acesso aos portos de Itapoá e de São Francisco do Sul por navios de 360 e 400 metros. O porto de Itapoá custeará a obra, orçada em cerca de R$ 300 milhões, e receberá o retorno do investimento através de isenção tributária.
Presidente que une
Menos de dois meses após o encerramento das eleições da OAB/SC, o presidente Juliano Mandelli já demonstra seu compromisso com a união da advocacia catarinense. Deixando de lado eventuais diferenças políticas, convidou o membro honorário vitalício da seccional, Tullo Cavallazzi – então líder do grupo de oposição derrotado nas últimas eleições – para discursar e saudar os jovens advogados na solenidade em que a filha de Cavallazzi ingressava na profissão e recebia suas credenciais da OAB/SC junto com outros colegas. A atitude, amplamente elogiada por quem acompanha os bastidores da Ordem, reflete a postura de Mandelli, que, ao prestigiar um ex-presidente da entidade que não esteve ao seu lado durante o processo eleitoral, reafirma seu compromisso de unir a advocacia catarinense.
Crise na Vigilância 1
A atual gestão da Vigilância Sanitária enfrenta graves denúncias de assédio moral, com processos em andamento na Corregedoria do Estado e no Ministério Público do Trabalho. Apesar disso, a equipe de gestão permanece no comando, alimentando questionamentos sobre a prioridade dada aos interesses individuais em detrimento das necessidades dos servidores e da população. O clima interno é descrito como insustentável: servidores relatam pressão, intimidação e falta de motivação, fatores que têm prejudicado a qualidade dos serviços prestados à população. A ausência de foco na área técnica e a manutenção de gestores questionados para liderar equipes agravam a situação. Não há sinais de mudança por parte da Superintendência, que, segundo denúncias, segue desmantelando um setor historicamente reconhecido dentro e fora do Estado.
Crise na Vigilância 2
A crise administrativa é agravada pela precariedade estrutural. Na semana passada, fortes chuvas deixaram o prédio da Vigilância Sanitária em Florianópolis sem luz e com goteiras nas salas, mesmo após uma reforma recente. O telhado, que foi consertado com recursos públicos, não garantiu segurança ou condições adequadas para o trabalho, aumentando o desânimo entre os servidores. A situação crítica da Vigilância Sanitária estadual exige respostas urgentes do Governo do Estado, tanto para assegurar a integridade física e psicológica dos servidores quanto para garantir que a população continue recebendo serviços de qualidade. Até quando interesses individuais prevalecerão sobre o bem coletivo?
Fonte: SC em Pauta