A Polícia Civil de Santa Catarina identificou novas vítimas em um esquema de fraudes envolvendo doações realizadas por meio da conta de energia elétrica. O número de pessoas prejudicadas dobrou e já chega a 14,6 mil, enquanto o montante desviado supera R$ 10 milhões, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (17).
As doações deveriam ser destinadas a hospitais filantrópicos do estado, como o Bethesda, em Joinville, o Misericórdia, em Blumenau, e o Azambuja, em Brusque. No entanto, a maior parte do dinheiro nunca chegou às instituições. Investigações apontam que apenas uma pequena fração era repassada para não levantar suspeitas.
O esquema era comandado a partir de Joinville, mas atingiu cidades como Blumenau, Brusque, Indaial, Chapecó e Xanxerê. Para dar credibilidade, os criminosos usavam o nome de hospitais locais e ofereciam a inclusão da doação diretamente na fatura da Celesc.
Segundo o delegado regional Rafaello Ross, o grupo direcionava um percentual mínimo às entidades, em valores abaixo dos contratos estabelecidos, para encobrir as irregularidades. A investigação já localizou bens de luxo como carros, embarcações e imóveis, que podem futuramente ser utilizados para ressarcir os hospitais.
Em setembro, a primeira fase da operação identificou 7 mil vítimas. Com a análise de documentos e equipamentos eletrônicos, novas frentes de atuação do grupo foram descobertas, ampliando o número de prejudicados.
Os três homens presos na primeira etapa foram liberados após cinco dias, mas permanecem como investigados. A Polícia Civil segue apurando a participação de mais envolvidos.
Reações
Hospitais afirmaram ter sido vítimas do esquema e reforçaram colaboração com as autoridades. O Hospital Bethesda informou que foi responsável pela denúncia formal que deu início à investigação. Já o Hospital Azambuja e o Hospital Misericórdia destacaram que repassaram toda a documentação solicitada e lamentaram o desvio de recursos destinados à saúde.
A Celesc, que também se considera vítima, esclareceu que apenas repassa os valores autorizados pelos consumidores às entidades conveniadas e que reforçou a fiscalização para evitar novos casos.
Confira a nota das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc).
A Celesc esclarece que atua apenas como meio de arrecadação em doações via fatura de energia, repassando integralmente os valores autorizados pelos consumidores às entidades conveniadas, como bombeiros voluntários, APAEs e outras instituições que prestam serviços essenciais à sociedade.
A companhia não participa da gestão nem da destinação dos recursos arrecadados.
No caso investigado pela Polícia Civil, foram identificadas empresas que, de má-fé, ligavam para consumidores solicitando doações, mas não repassavam integralmente os valores às instituições.
A Celesc também se considera vítima, já que seu serviço foi utilizado de forma indevida, estando essas empresas atualmente sob investigação das autoridades competentes.
Importante ressaltar que, antes mesmo da operação policial, a companhia já havia adotado medidas preventivas, como reforço na fiscalização dos convênios, implementação de novos controles e envio de aviso ao consumidor sempre que há inclusão de débitos de doação nas faturas — ações que ampliam a transparência e permitem identificar eventuais irregularidades.
A Celesc vem colaborando com a Polícia Civil desde o início das investigações e reforça que o consumidor pode cancelar ou rever sua autorização de doação a qualquer momento pelos canais oficiais da companhia.
A Celesc reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a confiança da sociedade.
