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Médica infectologista explica aumento no número de mortes em Chapecó

A médica destaca que as medidas restritivas são necessárias para frear o contágio, mas os resultados somente serão vistos após um período

Foto: Leonardo Vassoler / ClicRDC

O número total de mortes por conta da Covid-19 chegou, nesta quinta-feira (25), a 233 e os casos ativos 4639. Fevereiro foi o mês que mais registrou óbitos. Somente em 25 dias já aconteceram 93 falecimentos de chapecoenses por causa da doença. O ClicRDC conversou com a médica infectologista, Carolina Ponzi para entender o motivo do crescimento do número de mortes.

Para a profissional, a causa provável do aumento de mortes está relacionada ao crescimento de casos confirmados que estão ativos. A médica explicou que dos casos de Covid-19, cerca de 80% dos pacientes diagnosticados terão um quadro sem grandes complicações, sem necessitar de internamento. No entanto, outros 20% dos infectados vão precisar de internação. Dos 20%, aproximadamente 5% a 10% vão necessitar de leitos de UTI. Já dos pacientes que vão parar na UTI, em torno de 40% podem morrer.

Quanto maior o número de casos eu tiver no geral, esses percentuais em números absolutos vão ser maiores também. Ou seja, 20% de 600 casos é menor do que 20% de 4.200 casos. Essa é a primeira conta que a gente deve fazer. Então, por que estamos vendo muita gente morrer, aumentando o números de óbitos por dia? Porque estamos tendo muitos casos de Covid-19 na região – esse é o primeiro fator. O segundo fato é que pacientes de mais idade, acima de 60 anos, principalmente aqueles que têm alguma comorbidade – uma doença crônica, seja pressão alta, problemas cardíacos, diabetes – têm uma mortalidade maior também- uma chance de complicar que é maior“, pontuou.

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Contudo, a infectologista destaca que tem percebido que muitos jovens e crianças também têm precisado internar por conta da doença. “A gente está vendo de tudo. Ainda, os pacientes mais velhos são a maioria. Mas temos visto pacientes, relativamente, jovens – abaixo de 50 anos, internando com quadros nada fáceis de tratar. Não é porque a pessoa é jovem, que ela não vai ter um quadro grave”, disse.

Pior fase da pandemia

Carolina destaca que o município vive o pior momento, com hospitais lotados e falta de leitos. “As pessoas precisam entender que a situação é gravíssima, é caótica, é como se fosse uma situação de guerra. Só que o inimigo a gente não enxerga. O controle desse inimigo depende de cada um de nós, de entender que a situação é grave”


A médica comenta que o crescimento de mortes pode levar até o sistema funerário ao colapso. “Tem morrido muita gente, todos os dias. Daqui a pouco o sistema funerário entra em colapso, porque para poder dar conta de enterrar todas essas pessoas precisa ter uma estrutura muito boa também”, observou.

Situação nunca vivida

Conforme a profissional, enquanto cooperada da Unimed, ela nunca presenciou tantas pessoas internadas em pronto socorro aguardando por um leito. “Eu sou cooperada da Unimed há 11 anos e nunca vi 15 pacientes internados no pronto socorro aguardando por leito antes”.

Ela reforça que as pessoas precisam entender que, nunca antes, se teve um grande número de pessoas internadas por uma mesma doença. “É muita gente internada pela mesma doença, sem que as outras doenças tenham parado de acontecer. Isso que as pessoas precisam entender. Uma mesma doença está acometendo um número muito grande de pessoas, ao mesmo tempo”.

Situação se agrava em um período menor

A médica explicou que, atualmente, um paciente tem a situação agravada pela doença em período mais curto de tempo. Em outros momentos, os pacientes geralmente necessitavam de internamento depois de 10 a 15 dias após apresentarem os primeiros sintomas. Agora, tem pacientes que precisam ser internados cinco dias após apresentar os primeiros sintomas.

“Ou seja, a doença demorava mais para chegar na fase de hiperinflação. Hoje, estamos vendo pacientes com cinco, seis dias que já estão chegando para nós com 50, 75% do pulmão comprometido pela Covid. A doença parece estar andando mais rápido. Então, a gente acaba vendo um número maior de pacientes com necessidade de internação e com uma doença que parece estar mais agressiva no dia a dia”.

A situação do agravamento mais rápido dos pacientes é uma percepção da médica que atua, diariamente, na linha de frente de combate à Covid-19. A médica ainda não sabe o que tem intensificado esse agravamento da doença e se possui relação com uma variante, pois ainda não há dados científicos.

Reflexos das restrições

Chapecó adotou novas medidas para enfrentar a doença e diminuir o contágio, com um decreto publicado na segunda-feira, que suspendeu as atividades não essenciais até o próximo domingo (28). A médica explicou que os reflexos das restrições aplicadas, neste momento, somente devem ser perceptíveis daqui 15 dias.

“A semana que vem não vai estar diferente, desta semana. Eu não sei se o prefeito vai relaxar as medidas segunda-feira (1º) ou como vai ser o entendimento dele. Eu espero que não relaxe, porque a gente precisa pelo menos de duas semanas, para poder diminuir um pouco a transmissão do vírus na comunidade. Não tem como você frear um patógeno de transmissão respiratória, sem afastar as pessoas umas das outras, isso não existe. É a mesma coisa que controlar um surto de tuberculose e deixar todo mundo junto, não dá”.

Entretanto, se as medidas forem flexibilizadas, as pessoas precisam entender que é necessário continuar com o distanciamento social e cuidados. “Quem não precisar sair de casa, não saia de casa. Quem conseguir trabalhar de home-office, trabalhe de home-office. Não precisa ir com a família inteira no mercado, todos os dias – vá uma vez por semana um membro da família só. Coisas básicas que a gente precisa retomar lá de abril e maio, que estávamos fazendo, que a população em geral foi relaxando”.

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