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Quinta da Opinião: O problema atual com o crime organizado

Leia a coluna do Dr. Robson Fernando dos Santos na Quinta da Opinião

Foto: Robson Santos | Especialista em Comunicação Política.

Há praticamente 02 anos, escrevi nesta Coluna um artigo sobre o crime organizado, e lá, já explicava que convivemos com essa realidade desde 1860 com a história do Cangaço. No Rio de Janeiro, a situação remonta à 1892, com o surgimento da atividade do Jogo do Bicho, em Vila Izabel, criada pelo Barão João Batista Viana Drummond, como uma forma de atrair e entreter visitantes no seu Zoológico.

Aliados a isso, houve uma relação de oportunismo, quando também em meados do Século XIX, se consolidam o processo de favelização na capital fluminense, que segundo o IPEA, é oriundo de 1808, quando 30% da população carioca foi expulsa de suas casas para acomodar os acompanhantes da família real portuguesa. Durante o período escravocrata, muitos fugiam para quilombos, como a chácara do Sr. Le Bron, no atual Leblon, o Quilombo da Penha, atualmente Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão e o Quilombo da Serra dos Pretos Forros, que divide Jacarepaguá do Méier.

Tudo isso, agravado pela ausência de políticas de inserções, problemas socias e o crescimento acelerado em terrenos ilegais, que passam a ser ocupados e permitirem a construção progressiva e sem regras. O aumento populacional em favelas torna-se exponencial, e, se evidenciam por espaços adaptados, com ausência ou parca presença do Estado, de virtudes aleatórias, porém, democráticas e não-formalistas, que permanecem em continua mutação, como define João Carlos Ramos Magalhães, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.

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Surge então um valedouro nicho para os grupos criminosos, especialmente o que surgiu a partir da década de 70, no sistema prisional em Ilha Grande/RJ, que durante a ditadura militar, presos políticos se misturaram com os demais criminosos, dando gênese a Falange da Segurança Nacional, posteriormente denominada de Falange Vermelha e renomeada em Comando Vermelho, sob a sigla CV. Nas favelas, ocupam o escopo do Estado, não só para dominar o território, mas, contudo, para conquistar e garantir o auxílio e conivência da comunidade. Nos anos 2000, com o aparecimento das Milícias, a partir da chamada Liga da Justiça, estas também ocupam o espaço do Tráfico de Drogas, sob o pretexto de garantir a proteção das comunidades, porém, também exploram as favelas, cobrando por serviços de utilidade pública, que seriam de obrigação Estatal. Enfim, os habitantes destas comunidades continuam refém de um Estado paralelo, todavia, também, de um preconceito social e institucional.

Diante desse cenário é que se evidenciam os problemas atuais com o crime organizado, pois, sob o baldrame dessa discriminação, atualmente ainda se agrava com posicionamentos ideológicos, pois se resumem a acusações de que a esquerda é conivente, sob a égide de existir dois lados polarizados no bem e no mal. Na verdade, tanto esquerda, quanto direita, são cumplices do crime organizado, principalmente no cenário da política carioca; não se pode olvidar da proximidade e simpatia da milícia com grupos políticos da direita.

Problemas complicados e duradouros, nunca são solucionáveis com facilidades, acreditar que o escopo de resolução, perpassa apenas pelas operações das forças de Segurança Pública e/ou do Poder Judiciário, ou seja, pela persecução penal, é atacar apenas os efeitos, pois para atingir a causa, faz-se necessário uma presença absoluta, eficiente, massiva e permanente do Estado nessas Comunidades, garantindo e lhes oferecendo políticas públicas e oportunidades que há séculos lhes são elididas.

Fica diáfano, deste modo, que também não haverá solução à curto e médio prazo, hostilidades e ódio, também não contribuem para a melhor saída, pois esta, exige e prescinde de um esforço coletivo e uníssono de toda sociedade. Em qualquer lugarejo, favela, periferia ou comunidade deste País, controlado pelo Crime Organizado, quem reside nesses locais, não são todos criminosos, muito pelo contrário, como em qualquer lugar, o bandido é exceção, a maioria são de cidadão que apenas buscam e aguardam pelo efetivo e constitucional direito de suas respectivas cidadanias.

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