
Na segurança pública se diz que tão importante que a própria segurança em si, é o “sentimento de segurança”, ou seja, o estado natural de que está tudo bem e que nada de errado vai acontecer. O termo começou a ser mais utilizado após o experimento ocorrido em Nova Iorque na década de 80 chamado “broken windows theory”, traduzindo: teoria das janelas quebradas, modelo em que se demonstra que a desordem visível estimula e contribui para o aumento da criminalidade, haja vista a estética de “ausência” por parte do Estado.
No ramo jurídico, não é diferente, há um sentimento estranho no ar, de bagunça e desordem, e isso transpassa para todos os segmentos sociais, econômicos, administrativos, financeiros, saúde, educação etc. isso é preocupante, o brasileiro, tal qual um passageiro de um ônibus desgovernado, não sabe exatamente o que fazer, apenas assiste perplexo os rumos que o país toma, afinal, quem dirige esse país acelera morro abaixo, frea morro acima, com os solavancos, nosso povo agoniza com a cabeça pra trás e a cabeça pra frente conforme os movimentos desse ônibus chamado Brasil.
Esse sentimento de que está tudo bagunçado causa ansiedade e afasta o crescimento, os investimentos desencorajam quem quer gerar emprego e renda e isso nos preocupa ainda mais, quando vem do judiciário. A insegurança jurídica, que há anos causa arrepios em nós advogados, como uma espuma expansiva atingiu os demais poderes e a nossa economia, as pautas do país estão de lado e o nosso horizonte adversário hoje é sobreviver.
Nós juristas precisamos refletir: qual a justiça que estamos entregando ao nosso país? será que o judiciário precisa ser protagonista de uma agenda política de uma nação? ou o seu papel, em verdade é o de garantir a tarefa hermética de cada ente e se recolher a sua definição de convidado de pedra. Aliás, isso me lembra Ulysses Guimarães, que dizia que ninguém pode ser um santo de bordel que assiste a todos os pecados calado, mas esse papel de indignação e ativismo, contrário ao santo de bordel, cabe ao povo e aos agentes políticos, não ao judiciário.
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Iago Luís Spada | Advogado
Autor do livro “não odeie política”
Empresário | @iagospada
Presidente do @pljovemchapeco
Doutor Iago Luís Spada tem 32 anos de idade, é Advogado especialista em direito criminal, formou-se na UNOESC de Pinhalzinho-SC. Estagiou na Defensoria Pública de Santa Catarina e no Gabinete de Juiz de Direito no Poder Judiciário, produzindo sentenças criminais entre outras funções. Assessorou diretamente o gabinete do governador e vice-governador do Estado de Santa Catarina nos anos de 2021 e 2022. Em 2020 a sua obra literária “não odeie política” foi selecionada pela editora Atlântico de São Paulo, uma das maiores do país para publicação em todo o território nacional. É sócio-proprietário do escritório Spada&Paini.