
Começamos a nova temporada da coluna Política e Cotidiano destacando a busca de respostas da imprensa local para esta pergunta, com ajuda do editor de agronegócio do jornal Valor Econômico e editor-chefe da revista Globo Rural, Patrick Cruz. O evento da manhã de hoje (7) reuniu apenas a galera que trabalha com a imprensa, seja nos meios de comunicação ou na academia.
Patrick abordou a decisão da Editora Globo em revisar as duas publicações onde trabalha, através de um estudo que foi realizado logo após o fim da pandemia de Covid-19. Este estudo apontou que a marca Globo Rural é a mais querida entre todos os produtos de todas as empresas do Grupo Globo, e orientou a Editora a unir as redações da revista e do Valor Econômico para a cobertura geral do agronegócio brasileiro no formato impresso e online, em 2023.
Esse movimento, ao contrário do que acontece na maioria das empresas jornalísticas, não causou demissões, e muito disso pela forma como os repórteres das duas antigas redações se especializaram em setores da editoria, o que fez com que inclusive houvessem contratações e, portanto, aumento do total de funcionários na nova redação. Obviamente, o bom momento do agronegócio no Brasil permite que esse tipo de manobra seja bem sucedida, o que nem sempre acontece num mercado de risco como o da comunicação.
Patrick comparou a nova redação como uma “agência de notícias do agro”, que abrange jornal, revista, rádio e internet, com produção de texto, áudio e vídeo para as plataformas do Valor Econômico e do Globo Rural, rádio CBN e jornal O Globo. Para o editor, a comunicação caminha para a qualificação da produção jornalística e o reflexo do peso daquilo que é mais importante para a especialidade da redação, neste caso, o agronegócio. Ou seja, o público de cada meio de comunicação deve receber conteúdo mais específico.
O editor mencionou um aumento no número de assinantes do Globo Rural após as adaptações realizadas pela Editora Globo. Quanto à Inteligência Artificial, Patrick mencionou a proibição do Grupo Globo de que, em suas empresas, se usem ferramentas de IA que não sejam desenvolvidas ou autorizadas pela própria corporação. Cruz mencionou que alguns procedimentos mecânicos de obtenção de dados foram automatizados com a inteligência artificial, sem prejudicar a identidade das publicações.
Gladir Azambuja, colega da Condá FM, perguntou quem irá puxar mais os novos caminhos da comunicação: se o público ou os jornalistas. Para Patrick, haverá participação dos dois lados, com os jornalistas exercendo filtro às vontades do público. Como exemplo, o editor citou a ausência do Globo Rural na cobertura do conclave que elegeu o atual papa, em função do cardeal escolhido nunca ter tido relação com o agronegócio durante sua vida.
Recadinhos
O objetivo do evento desta manhã foi debater a nossa situação de trabalho e serviço à comunidade, e cabe aqui agradecer à Associação Catarinense de Imprensa e à Fiesc pela promoção da palestra.
O ideal seria ter encontros semestrais com os colegas da imprensa local para debates deste tipo, e alternadamente, com a integração dos donos dos meios de comunicação para enriquecer os debates.
Claro que existem pontos que apenas são abordados quando quem administra as empresas de comunicação não está presente na sala, mas outros são de interesse de todos, e também precisam estar em frequente discussão.
Marcos Bedin, diretor da MB Comunicação, mencionou que o público urbano é altamente interessado em assuntos do agronegócio, algo que é comprovado pela alta audiência do programa Globo Rural na TV.