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Após a coluna de segunda-feira (11), que abordou a crise em pelo menos quatro cursos de graduação do Campus Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), com destaque especial para os cursos de Administração e Medicina, o ex-reitor da instituição, Marcelo Recktenvald, procurou a coluna para manifestar sua opinião sobre o assunto, até pelo fato de ter sido indiretamente citado em minha fala sobre o tema. Esta é a segunda parte destas manifestações.
Marcelo afirma que a criação da UFFS não ocorreu para abrigar o curso de Medicina: “A universidade foi criada em 2009 e iniciou atividades em 2010 com diversos cursos, inclusive Administração, que continua a ser um dos mais procurados e apresenta uma excelente relação professor/aluno. Os cursos de Medicina, tanto em Passo Fundo quanto em Chapecó, foram autorizados em 2013, iniciando em 2014 e 2015, respectivamente, e são fundamentais para o reconhecimento acadêmico e social da universidade”.
Recktenvald argumenta que a falta de professores é um problema complexo, que envolve uma série de fatores, como exonerações voluntárias, transferências judiciais de vagas, expansão de cursos sem novos códigos de vaga, alterações nos projetos pedagógicos e a crescente demanda de programas de pós-graduação: “Durante a nossa gestão, trabalhamos para mitigar esses impactos com medidas estruturadas e mantendo um diálogo constante com a comunidade acadêmica”.
Para Marcelo, outros fatores que contribuíram para a necessidade de mais docentes incluem a criação de novos cursos e o aumento das atividades de pós-graduação, que exigem alocação de carga horária docente: “A alta rotatividade de professores no curso de Medicina, motivada pela atratividade do setor privado, também é um desafio que exige estratégias eficazes”.
Para enfrentar a demanda por professores e garantir uma administração eficiente, o ex-reitor da UFFS sugere o fortalecimento de parcerias federais, a revisão dos Projetos Pedagógicos de Curso e a otimização das grades curriculares, a redistribuição inteligente de vagas e a eficiência na manutenção dos cursos: “Essas são questões que poderiam ser tratadas com relativa facilidade pela atual gestão, uma vez que tem os Conselhos Superiores a apoiando e um Governo Federal alinhado ideologicamente”, afirma Marcelo.
Recktenvald conclui saudando a universidade: “A UFFS tem uma trajetória de conquistas, e acredito que, independente de quem esteja à frente da gestão, a continuidade do comprometimento com a excelência e a estabilidade institucional é fundamental para superar os desafios atuais e futuros. Acredito que a colaboração de todos – reitoria, corpo docente, servidores, estudantes e comunidade – é essencial para manter a UFFS em seu caminho de desenvolvimento e impacto positivo”.
Recadinhos
- Em entrevista ao programa Primeira Hora, da Condá FM, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), teve que desmentir mensagens, que circularam em grupos de WhatsApp, após protocolar um projeto de lei de autoria do mandatário.
- O projeto trata da instituição do Programa Municipal de Escola Básica Municipal Cívica de Inovação e Tecnologia, legislação base para regulamentar o funcionamento da Escola Básica Eli Bellani, que funcionará no bairro Efapi.
- Assim como na sabatina da Condá, durante a campanha para a reeleição, no mês de setembro, João Rodrigues afirmou que o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal age de má-fé e ideologicamente.
- Faltou aos líderes sindicais interpretação de texto. A lei não prevê, em hipótese alguma, que todas as unidades da Rede Municipal de Ensino sejam submetidas ao programa, muito menos que não haverá novos concursos públicos para professor.