quarta-feira, outubro 29, 2025
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O que a megaoperação no Rio de Janeiro diz sobre a segurança nacional

Confira a coluna do jornalista André de Lazzari

Foto: Grupo Condá de Comunicação

O Rio de Janeiro viveu ontem (28) um dia de Gaza. Conforme a newsletter The News, 2.500 agentes das forças de segurança do Rio de Janeiro realizaram uma operação contra integrantes do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha. O CV é uma organização criminosa que atualmente atua em 25 estados, num formato semelhante ao de franquias. Essas facções locais agem de forma mais independente umas das outras, numa espécie de joint venture para compra de armas e drogas.

Como resposta, criminosos reagiram a tiros, incendiaram barricadas e até lançaram bombas com drones, cenas que facilmente poderíamos confundir com as de Tropa de Elite 2. A ofensiva terminou com 64 mortos (60 suspeitos e quatro policiais), 81 presos, incluindo o braço direito do líder do CV, e 90 fuzis apreendidos. A operação policial planejada ao longo do ano já é considerada a mais letal da história do Estado carioca.

O caos pôde ser sentido por grande parte da população carioca. Escolas e universidades suspenderam aulas, comércios foram fechados mais cedo devido a casos de saques pela cidade e as ruas ficaram praticamente vazias já às 19h. Uma imagem que aconteceu na cidade de São Paulo em 2006, quando o alvo era o PCC.

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O confronto ainda serviu para conturbar a política. O governador Cláudio Castro (PL) aproveitou o episódio para criticar o governo federal. Ele afirmou que o Rio de Janeiro atua sozinho no combate ao crime, e que o governo Lula (PT) negou três pedidos anteriores de ajuda das Forças Armadas para a segurança do Estado.

O Ministério da Justiça rebateu, afirmando que atendeu a todos os 11 pedidos de renovação feitos pelo Rio. Aliados de Lula veem em Castro uma tentativa de transferir responsabilidades e politizar o assunto. Agora, o governo federal deve acelerar junto ao Congresso a votação da PEC da Segurança Pública, que sofre críticas de governadores de direita, incluindo Castro. Inclusive, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, deve se encontrar com o governador do RJ para pressionar a ideologia do Planalto.

Segundo a oposição, a PEC da Segurança Pública centralizaria o controle da segurança nas mãos da União, tirando a autonomia dos estados, além de não atacar questões como a reincidência criminal. Toda esta extraordinária, e ao meu ver, necessária carnificina, acontece às vésperas de um ano eleitoral, em que cada político entende que a questão da segurança pública é uma pauta de extremo interesse da sociedade, mas sem unidade de pensamento e de ação, até porque, isso vale voto.

O ocorrido ontem na cidade do Rio mostra ao Brasil que a segurança nacional é uma bela fachada, quando o assunto é a necessidade de uma guerra contra o crime, em que a consequência seja, por exemplo, as dezenas de mortes ocorridas, multiplicadas por todas as megaoperações que serão necessárias para prender aqueles que lideram uma opressão que atinge 25% da população brasileira. Sem morte, o crime organizado não será enfraquecido. A classe política foi incompetente em evitar que chegássemos nesse estágio.

Recadinhos

  • O Governo do Estado do Rio de Janeiro enviou ontem um relatório de atuação do Comando Vermelho nos Estados Unidos ao governo americano. Será que Brasília tem esses dados?
  • Castro pediu, e o governo federal autorizou a transferência de 10 presos do Rio para presídios federais. O Ministério da Justiça afirmou que não recebeu quaisquer outras solicitações do governo carioca.
  • MC Oruam, um dos piores exemplos da música brasileira na atualidade, chamou a operação de “maior chacina da história do Rio” e disse que “se tirar o fuzil da mão, existe o ser humano”.
  • O Disque Denúncia do RJ oferece R$ 100 mil por Doca, chefe do Comando Vermelho. Essa é a maior recompensa já oferecida pelo governo carioca desde Fernandinho Beira-Mar, em 2001. E digo a vocês que tão pagando pouco!
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