
Ontem (23), um buzinaço, organizado pelo vereador Fernando Cordeiro (PL), mobilizou centenas de motoristas no centro de Chapecó, para manifestar o desejo de ver o impeachment do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O protesto não afetou o andamento do trânsito no horário de pico. O vídeo publicado pelas contas da Condá FM no Facebook e no Instagram recebeu, até as 7h de hoje (24), mais de 400 comentários, a maioria negativos.
Convenhamos, a manifestação poderia ser muito mais forte do que foi. Estive do início ao fim do protesto, e a impressão que fica é de que não chegaram a mil o número de motoristas que colocaram a mão na buzina. Olhares curiosos não faltaram, como também a criatividade de alguns motoristas, que fizeram questão de colocarem bandeiras do Brasil nos carros para protestar. Entretanto, nos comentários do vídeo postado pela rádio, a opinião majoritária é de repúdio ao manifesto.
Entre as diversas críticas, destaco o xingamento clássico de chamar quem participou do buzinaço de “vagabundo”, pelo protesto ter sido agendado para às 17h30, horário onde ainda muitas pessoas estão em turno de trabalho. Outros defendem a posição de que os apoiadores do impeachment acham que “quanto pior, melhor”; ou seja, quanto mais o país estiver afundado em problemas, melhores seriam as chances da direita nas eleições gerais do ano que vem, e eu concordo com essa opinião, pois é uma estratégia política vigente.
Também sobrou para a Condá. Chamaram a rádio onde trabalho de “uma naba”. Não faltou quem mandou os manifestantes irem morar nos Estados Unidos. Alguns, de forma satírica, comentaram que os apoiadores do protesto deveriam “tomar cuidado” com o ministro Alexandre de Moraes, pelo simples fato de exercer o direito constitucional de manifestação pública, que é reservado a todos nós.
Outros expressaram descontentamento com a pauta do manifesto: “(se) fazem isso para reduzir os altos salários dos políticos, isso sim teria o meu respeito”, comentou uma internauta. Alguns criticaram o horário escolhido para a manifestação: “Fizeram na hora que trabalhadores do bem saímos do serviço, para parecer grande nas imagens. O povo de bem cansado, querendo chegar em casa, nem os alertas dos carros ligaram! Façam isso num domingo!”, analisou um ouvinte.
Por fim, alguns criticaram diretamente o vereador Fernando Cordeiro, que organizou o manifesto, mencionando que “vereador foi eleito para trabalhar, não para organizar protesto”; e cobrando respostas de demandas que foram repassadas ao legislador. Esse compilado de opiniões abrange apenas 15% do total de comentários recebidos, mas concluo reforçando que, se somarmos todas as opiniões, a reprovação ao manifesto de ontem é majoritária.
Recadinhos
● Como princípio básico, a missão de um jornal é informar. O que talvez poucos saibam é que o editorial, texto sem assinatura que expressa uma posição institucional do veículo, é usado para opinar sobre temas de grande importância.
● A newsletter The News resumiu dois editoriais de jornais de circulação nacional sobre a situação envolvendo a operação realizada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na última sexta-feira (18).
● O Estadão afirmou que “Moraes cometeu um abuso”, enquanto que o jornal O Globo afirmou que a “Decisão de Moraes é extravagante”
● Tanto o Estadão quanto O Globo deixam claro não se tratar de uma defesa a Bolsonaro, mas de uma crítica aos excessos do STF, indicando uma mudança de postura por parte da imprensa brasileira em relação ao Judiciário.