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Casa de apostas, foguete e tigrinho… as apostas online viraram a grande febre do país. Impulsionados por influenciadores, promoções e um mercado em expansão, milhões de brasileiros estão entrando na roda. Mas, o que parecia ser uma moda, agora, tem números alarmantes. Bilhões de reais, incluindo recursos do Bolsa Família, estão indo parar nas apostas, e o Brasil já lidera o ranking mundial nesse quesito. Por isso, é importante voltarmos a esse assunto e mantermos a comunidade informada desse caos.
Segundo a newsletter The News, entre os primeiros oito meses de 2024, 24 milhões de brasileiros gastaram uma média de R$ 20,8 bilhões por mês nas plataformas de apostas, só considerando os pagamentos via Pix. Dos R$ 14,1 bilhões distribuídos mensalmente pelo Bolsa Família, R$ 3 bilhões foram repassados para as bets apenas via Pix. Em 2022, o Brasil foi o líder mundial de apostas online, com 113,9 milhões de apostas registradas, superando os Estados Unidos, que haviam registrado 77,9 milhões de operações.
Apesar de 16% da população não ter acesso à internet, o Brasil ainda tem o segundo maior tempo de navegação diária no mundo, com 9 horas e 13 minutos. Esses dados são diagnósticos de um abalo econômico e social gravíssimo que o país vive, e que apenas ganhou notoriedade nos últimos meses, quando o Governo Federal propôs a regulamentação das bets.
As apostas viraram uma máquina de propaganda, invadindo tudo, desde os campeonatos de futebol até a TV. A Betano, por exemplo, comprou os direitos de nome da Série A do Campeonato Brasileiro por algo entre 70 e 80 milhões de reais. O Flamengo arrecadou R$ 105 milhões da Pixbet em 2024, e o Corinthians fez um contrato de R$ 120 milhões com a VaideBet, mas rescindiu depois de suspeitas de irregularidades.
O cachê da desgraça alheia
Quem realmente faz a engrenagem girar são os influenciadores e sub celebridades, que viraram embaixadores das plataformas. Eles divulgam os links nas redes sociais, recebendo cachês milionários não só dos patrocinadores, mas também do bolso de quem os segue. Uma excelente forma de ganhar dinheiro fácil.
Virgínia Fonseca, por exemplo, assinou um contrato polêmico com a plataforma Esportes da Sorte, onde recebe 30% do que os usuários perdem nas apostas feitas por meio de seu link. Ou seja, se um apostador perder R$ 100, ela ganha R$ 30. Hoje, ela tem mais de 52 milhões de seguidores no Instagram. Segundo o The News, o primeiro anúncio da Virgínia na Esportes da Sorte, em janeiro de 2023, atraiu 120 mil novos apostadores. Pouco depois, ela trocou de plataforma, firmando um contrato de R$ 29 milhões por ano com a Blaze.
Com a regularização das bets, as empresas terão um custo muito mais alto para operar, considerando a nova legislação brasileira e o fato do dinheiro arrecadado não poder estar mais em paraísos fiscais. No fim das contas, as verbas de marketing “infinitas” devem acabar, o que deve diminuir as publicidades de bets e cassinos, impactando influencers que dependem delas. Certamente, isso trará um grande benefício para a saúde mental, financeira e social de muitos brasileiros.
Recadinhos
- A campanha ‘Ajude o Claude’ continua arrecadando fundos para a reabilitação de Claudenir de Morais, vítima de um acidente de trabalho ocorrido em 5 de novembro do ano passado. As doações podem ser feitas pelo site vaka.me/5202451.
- Nos comentários da coluna de ontem (9), alguns internautas culparam as mudanças realizadas no trânsito de Chapecó no primeiro trimestre do ano passado como causadoras do aumento de 38% nos registros de infrações de trânsito.
- Quero aqui parabenizar os países que, conforme o site Poder360, não reconhecem Nicolás Maduro como presidente da Venezuela: Argentina, Bélgica, Chile, Costa Rica, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Finlândia, Guatemala, Holanda…
- …Irlanda, Itália, Letônia, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. Vergonha para nós, brasileiros, termos um governo que não tomou posição definitiva contra a ditadura que assola nossos vizinhos ao norte.