Fui ontem (31), após muita insistência de amigos, assistir no cinema o filme “Deadpool vs. Wolverine”, que está sendo sucesso de bilheteria. Entre os que me acompanharam, um amigo venezuelano, que mora em Chapecó há uns seis meses e vai se mudar para morar com a mãe em Curitiba dentro de alguns dias.
Nas conversas que tivemos durante a semana, ele confessou que chorou muito quando saiu o resultado oficioso que deu a vitória a Nicolás Maduro. Fã do Homem-Aranha como ele é, meu amigo recorreu ao bom humor para driblar a tristeza, mostrando os manifestantes que se vestiram do personagem para protestar contra a fraude eleitoral.
Nesse caminho, entendendo o aparelhamento do Estado venezuelano e a reação das grandes potências no caso de um possível conflito armado, com o visível apoio que os EUA daria à oposição; e o notável respaldo da Rússia e da China à ditadura de Maduro, acredito que vamos ter Edmundo González presidente apenas na nossa imaginação. Sendo bem racional e realista, Maduro fez muito bem as costuras, dentro e fora das fronteiras. Só juntando Deadpool e Wolverine para resolver a coisa. Se eles não brigarem entre si, claro.
A estratégia de Maduro para se manter no poder
A Venezuela está na lista de países que aderem ao Tribunal Penal Internacional, o famoso Tribunal de Haia, no entanto, Maduro age como se o país não pudesse ser condenado por nada. Incorri no erro de afirmar na rádio que a Venezuela não estava na jurisdição desse tribunal, peço perdão por isso, e ressalto que Nicolás está sendo investigado por diversos crimes na corte localizada nos Países Baixos.
Internamente, ele aparelhou a justiça eleitoral local, assim como o resto do Poder Judiciário, o Ministério Público e as Forças Armadas. Num ocasional conflito armado, Maduro possui 380 mil homens prontos para defender o regime, o que reprime possíveis intervenções internacionais na Venezuela. Não que elas sejam impossíveis de acontecer, mas o xadrez aqui é muito complicado de resolver.
E quando o comprovante impresso é ignorado?
O sistema eleitoral da Venezuela, sem dúvidas, permite uma auditoria mais simples do que o sistema brasileiro, pelo fato de haver o comprovante impresso na urna. Foi esse comprovante que foi levado em conta na verificação dos votos na apuração, e possibilitou que as atas das seções eleitorais fossem preenchidas com o que realmente foi computado, dando a vitória a Edmundo González, conforme a apuração paralela da oposição.
Onde poderia ter sido feita a fraude? No sistema das máquinas de votação, por exemplo. Você tocava na foto do González, o comprovante dizia que você votou nele, mas a transmissão de dados indicou um voto para Maduro. Outra forma de fazer a fraude seria a pura manipulação dos números no boletim oficioso. Por isso que a “galinha dos ovos de ouro” são as atas das urnas. Se o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela publicar as atas, provavelmente vai “entregar a paçoca”. E, pelo jeito, ele não vai fazer isso.
Recadinhos:
- Topo aqui um Sala de Debates sobre a urna eletrônica brasileira. Se voltaram os questionamentos sobre nosso sistema por causa da fraude na Venezuela, vamos ser propositivos e chatos em saber até o último detalhe
- Com a participação da Justiça Eleitoral, de especialistas em informática e dos comentaristas da Condá FM, vamos ter uma excelente discussão
- Para este delicado assunto, é necessário planejamento para um debate. Tenho estudado há tempos dados eleitorais. Isso será importante para a conversa que, faço votos, ocorra em breve
- Hoje completo um ano de Condá FM. Agradeço à Família Lang pela oportunidade de poder irradiar notícias, opinião e bom humor na 98.9 FM de Chapecó; e a você, ouvinte, por essa santa paciência em nos dar a atenção todos os dias!