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O STF começou a interrogar ontem (9) os réus acusados de articular o suposto golpe de Estado em 2022. O objetivo é ouvir os envolvidos para entender se houve um esquema de “virar a mesa” nas eleições para manter Bolsonaro no poder. Entre os oito réus, que inclui o próprio ex-presidente, o primeiro a ser ouvido foi o tenente-coronel Mauro Cid, que colaborou com as investigações.
Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, conforme a newsletter The News, Cid afirmou que Bolsonaro leu e fez alterações na minuta do golpe, removendo trechos que determinavam a prisão de autoridades, mas mantendo Moraes como alvo. Segundo ele, a minuta prévia estado de sítio, suspensão de poderes e a convocação de novas eleições supervisionadas por um conselho militar.
Cid também apontou Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente em 2022, como o elo entre Bolsonaro e os acampamentos em frente a quartéis, revelando que recebeu dele dinheiro vindo do agronegócio para financiar essas ações. Questionado sobre áudios em que dizia ter sido coagido pela Polícia Federal e criticava Moraes, Cid confirmou a autenticidade, mas classificou o conteúdo como “desabafo” em um momento de pressão.
Além de Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que também falou ontem, os outros seis depoimentos devem ocorrer ao longo desta semana. As falas devem marcar o início de uma nova etapa nas investigações sobre uma tentativa de golpe, além de proporcionar um depoimento público inédito entre Moraes e Bolsonaro cara a cara, que deve ocorrer entre amanhã (11) e quinta-feira (12).
As acusações de Mauro Cid são gravíssimas. Confesso que não acompanhei o depoimento, e nem tenho desejo em seguir as falas, mas meus colegas da Condá FM cobraram uma opinião. Sigo os corredores da firma: Bolsonaro vai ser preso, muito provavelmente, devido à postura que Cid teve no depoimento de ontem, responsabilizando o ex-presidente de tudo aquilo que fosse possível culpá-lo, com o claro intuito de “limpar a própria barra”.
Focando no depoimento de Ramagem, conforme a Agência Brasil, ele negou ter determinado a realização de monitoramentos na Abin. Alexandre disse que o sistema em questão deixou de ser utilizado pela agência em 2021, um ano antes do período em que as acusações foram feitas pela Polícia Federal. Ramagem também negou ter enviado a Bolsonaro arquivos de word com informações para embasar lives nas redes sociais e insinuar fraudes nas urnas eletrônicas.
Recadinhos
- Desde a última sexta-feira (6), a cidade de Los Angeles virou cenário de confrontos, prisões em massa e veículos em chamas. Conforme o The News, tudo começou com a prisão de 44 pessoas pelo ICE, a polícia federal de imigração.
- A operação aconteceu em bairros de maioria latina, acendendo o alerta em uma cidade composta por mais de 1/3 de imigrantes. Em poucas horas, manifestantes começaram a bloquear vias, queimar carros e a confrontar a polícia.
- Para tentar conter a situação, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou quase 300 soldados da Guarda Nacional sem consultar o governo local, atitude que não acontecia desde 1965 no país.
- Incomodado com isso, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, chamou a ação de “inconstitucional”, e prometeu processar o governo federal. Trump trucou, afirmando que apoiaria a prisão do governador.