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Alguns estudantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) começaram a ocupar hoje (4), a reitoria da instituição no campus Chapecó. Uma flagrante falta de boa gestão é registrada, pois enquanto a universidade abre novas turmas e cursos, após aprovação do Ministério da Educação (MEC), muitos dos cursos atuais registram falta de professores, o que já atrasa a formação de alguns estudantes.
Aqui não se questiona a qualidade da educação oferecida, nem é abordada a ideologização praticada em alguns dos cursos da universidade, e sim a falta de recursos humanos necessários para respeitar os impostos pagos pelo contribuinte para financiar essa educação. Para uma universidade que vem sofrendo com más gestões desde sua criação, em 2010, e aqui faço questão de “surrar parelho”, a indignação da comunidade deveria ser ainda maior.
Conforme o perfil Chapecó Critica no Instagram, o reitor João Alfredo Braida é acusado de “enrolar” os alunos e “acobertar” a atual política de gestão do MEC. O ministro da educação, Camilo Santana, é apontado pelos alunos como um beneficiário da privatização do ensino, privilegiando a Fundação Lemann e o grupo Cogna, proprietária das universidades Anhanguera, Uniderp e Unopar, nas relações institucionais do Ministério, em detrimento de uma maior atenção às universidades federais.
As representações estudantis também cobram os deputados federais Caroline de Toni (PL) e Pedro Uczai (PT), por terem apoiado o Novo Teto de Gastos, o que poderia estar sucateando a educação pública. Inclusive, o deputado Uczai sempre se vendeu como um dos “pais” da UFFS, e nesse momento, o “filho” está chorando, de novo.
Apesar da maioria dos estudantes da UFFS terem votado no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele também é criticado nesse momento e é acusado de fazer de conta que há “avanços” na educação, enquanto o dia a dia de estudantes, técnicos e professores fica cada vez mais difícil.
Termos uma universidade federal no Oeste Catarinense é essencial para o desenvolvimento da educação, do agronegócio, da tecnologia e inovação, da saúde e de outros setores da nossa economia. As pesquisas realizadas na UFFS já beneficiaram diversos ramos da economia e ajudaram a entregar melhores serviços públicos e privados à comunidade. Entretanto, tudo isso poderia ser melhor realizado se não houvesse tamanha falta de gestão e vontade política por parte dos nossos representantes.
A qualidade do ensino da UFFS está ameaçada mais uma vez. Quem trabalha na universidade pública tem muito sangue nos olhos para, dentro de suas competências, entregar o que pode para honrar o dinheiro público, e em muitos dos casos é mal pago, o que é uma das principais razões pela dificuldade de contratação de novos professores. O aumento do orçamento e a reorganização da universidade é algo pra já!
Recadinhos
- Pedro Uczai, traga contigo a Luci Choinacki, a Ideli Salvatti, a Luciane Carminatti, o José Fritsch e o casal Lima (Ana Paula e Décio) para a UFFS. Conversem com os estudantes e busquem soluções em Brasília!
- Espero da Carol de Toni estatismo neste caso, exigindo enquanto parlamentar do Oeste Catarinense na Câmara dos Deputados as soluções necessárias e buscando alternativas com seus contatos para esta vergonha.
- Qualquer cidadão que centrar essa discussão na polarização entre Lula e Bolsonaro estará fazendo um comentário espúrio. O reitor escolhido na lista tríplice pelo ex-presidente não foi bem no cargo, e o escolhido pelo atual mandatário também.
- A diferença, em 2023, entre os orçamentos da UFFS e da Unoesc, instituições de portes similares, foi de R$ 67 milhões. O orçamento menor era da universidade federal. Tá errado!