
Salve-se quem puder! O que começou como uma resposta à atuação do STF e defesa do ex-presidente Bolsonaro acabou virando uma ofensiva comercial de larga escala. Conforme a newsletter The News, o governo dos Estados Unidos anunciou uma investigação contra o Brasil, e surpreendeu ao mirar em um alvo inusitado: a Rua 25 de Março, no centro de São Paulo.
Segundo o governo americano, o maior centro de comércio popular da América Latina seria “um dos maiores polos mundiais de falsificação e pirataria”, com décadas de atuação impune. A acusação aparece no relatório do Escritório do Representante de Comércio dos EUA, que também mira videogames destravados, eletrônicos falsos e até aparelhos de streaming piratas. Nesse ponto, errado o governo estadunidense não está, convenhamos.
O governo brasileiro reagiu com ironia: “Não dá pra imaginar uma potência preocupada com a 25 de Março”, disse Rui Costa, ministro da Casa Civil. O documento também acusa o Brasil de prejudicar empresas americanas ao promover o Pix como sistema dominante de pagamentos, o que teria dificultado a entrada de rivais como WhatsApp Pay, suspenso pelo Banco Central em 2020. As gigantes Visa, Mastercard e Meta seriam as mais afetadas.
Mesmo sem citar diretamente o Pix, o relatório estadunidense critica a preferência por soluções locais de pagamento digital e a falta de abertura a concorrentes estrangeiros. Além da 25 de Março e do Pix, a investigação também questiona práticas brasileiras sobre proteção de dados, anticorrupção, tarifas e liberdade de expressão nas redes sociais. Ou seja, para testar a soberania brasileira, com seus erros e acertos, até questionar o que é exemplo ao mundo, como é o caso do Pix, tá valendo.
Xandão decide contra o Brasil
Contrariando a ampla decisão do Congresso Federal, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, restabeleceu a maior parte do decreto do governo que aumenta o IOF ontem (16), uma decisão que entendo ser contra a necessidade dos brasileiros. Conforme o The News, o único ponto suspenso por Moraes é a cobrança sobre o “risco sacado”, modalidade usada por pequenas empresas para antecipar pagamentos com intermediação de bancos.
A retomada do decreto representa uma vitória do governo na tentativa de fechar o rombo fiscal. A estimativa de arrecadação com as novas regras agora passa a ser R$ 11,5 bilhões neste ano, e pouco mais de R$ 27 bilhões para 2026. A medida tem efeito retroativo: quem fez remessas ao exterior enquanto a regra estava suspensa terá que pagar a diferença. A nova alíquota dobra o imposto para empresas, atingindo especialmente MEIs e pequenos negócios, que agora enfrentam um custo maior para operar.
Recadinhos
- Tiro no próprio pé: Enquanto o governo Milei tenta conter a inflação com um peso valorizado na Argentina, os hermanos aproveitam para fazer turismo no Brasil, e deixar os dólares que o governo tanto precisa por aqui.
- Conforme o The News, com a moeda mais estável, os preços internos subiram menos, e a inflação do peso argentino caiu ao menor nível em cinco anos.
- Mas essa política teve um efeito colateral. Viajar para o exterior ficou barato demais para os argentinos, o que incentivou uma onda de turismo internacional e ajudou a criar um rombo nas contas do país.
- A saída levou US$ 5 bilhões em três meses, enquanto apenas US$ 1,5 bilhão entrou com turistas estrangeiros. O rombo de US$ 3,5 bilhões foi o maior em 20 anos, e mina a estratégia de Milei, que precisa desses dólares circulando no país.