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O início da ocupação da reitoria da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) na sexta-feira (4) repercutiu na comunidade e no meio político. Após minha manifestação na última edição desta coluna, procurei os dois deputados federais do Oeste Catarinense para opinarem sobre a situação.
Carol de Toni
A deputada federal Caroline de Toni (PL) afirmou que as universidades federais enfrentam uma crise sem precedentes: “A falta de recursos é uma realidade em todo o Brasil, e os números não mentem: em 2024, Lula cortou R$ 5 bilhões do orçamento das universidades em comparação com 2023. Como se não bastasse, bloqueou mais R$ 1,28 bilhão no mesmo ano”.
Caroline afirma que recebe semanalmente relatos e vídeos que expõem o descaso com a UFFS: “Cursos como Administração, Ciência da Computação e Medicina sofrem com a falta de professores, comprometendo a formação dos alunos. Agora, em 2025, a crise só se agrava. E quem está politizando a educação? Não somos nós. A própria esquerda, na gestão anterior, fazia questão de reclamar de absolutamente tudo. Mas agora, diante desse verdadeiro desmonte, o que vemos? Silêncio total”.
A deputada de Toni defendeu os trabalhos realizados pelo ex-reitor Marcelo Recktenvald, que dirigiu a UFFS entre 2019 e 2023: “Na gestão passada, desafios foram enfrentados e superados aos poucos. Fui uma grande parceira da universidade, destinando emendas para projetos essenciais. Mas e agora? Onde estão os parlamentares e militantes da esquerda para denunciar esse descaso?”
A nota de Caroline conclui criticando a administração federal de Lula: “De um governo que se diz pai dos pobres e rei da educação, esperava-se mais do que cortes e abandono. Mas a verdade é uma só: o descaso com o povo também chegou às universidades – e são os alunos que pagam essa conta”.
Pedro Uczai
O deputado federal Pedro Uczai (PT) afirmou que está acompanhando a situação da UFFS, auxiliando na busca por soluções rápidas e ressaltando a importância do diálogo entre as partes para que tudo seja resolvido o mais breve possível: “Sempre defendemos as universidades federais”.
O deputado argumentou que houve muitos anos sem concurso público, e sem a valorização dos profissionais das universidades: “Por isso, precisamos lutar para que essas demandas das nossas instituições sejam atendidas e nosso mandato vai estar comprometido, acompanhando. Já solicitamos uma audiência junto ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos para reivindicar mais cargos para a UFFS”, conclui Uczai.
UFFS
Em nota, a universidade afirmou que é do conhecimento da comunidade universitária que o movimento estudantil do Campus Chapecó da UFFS realizou uma assembleia-geral na noite de quinta-feira (3), e deliberou pela ocupação do prédio da reitoria. Entretanto, alega que houve uma reunião antes da assembleia para tentar evitar a ocupação.
A nota aponta que na noite de terça-feira (1), a Reitoria e a Direção do Campus Chapecó se reuniram com representantes do movimento estudantil para explicar o cenário nacional e apresentar uma solução imediata para as demandas mais urgentes dos cursos de Administração e Ciência da Computação, a qual é a destinação de quatro vagas de professores substitutos, com contratação para o próximo semestre, visto que é necessário um trâmite institucional para viabilizar o processo seletivo de contratação.
A Reitoria e a Direção do Campus Chapecó dizem reconhecer a legitimidade do movimento estudantil, e reiteram que manterão o diálogo respeitoso com as lideranças do movimento, além de aguardarem manifestação oficial sobre as reivindicações: “Considerando que a ocupação é um ato coletivo definido em assembleia, e que a adesão é um ato individual, nesse momento o calendário acadêmico está mantido, com as aulas presenciais, assim como outras atividades previamente programadas”.
Recadinhos
- A UFFS se solidarizou com as vítimas do trágico acidente envolvendo estudantes do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria, ocorrido em Imigrante–RS, na manhã de sexta-feira (4).
- Esta é a maior tragédia que a UFSM enfrenta desde o fatídico incêndio da Boate Kiss em janeiro de 2013, que entre os mais de 230 mortos, contabilizou dezenas de acadêmicos da universidade.
- Leitores da coluna me comentaram que possuem uma péssima impressão de quem estuda na UFFS. Há uma visão generalizada por parte de muitos cidadãos que quem estuda lá, como diria o finado Mário Lanznaster, tem “falta de voia”.
- Entretanto, a crise na universidade atinge diretamente meu irmão Pedro Lucas, que estuda Filosofia, e o operador de som e comunicador da Condá FM, Arthur Emanuel, o Xiruzinho, que estuda Ciência\ da Computação. Para eles, o trabalho é valoroso.