Terremoto no 55. Clésio Salvaro (PSD) foi preso com outras nove pessoas em uma nova fase da Operação Caronte, deflagrado pelo Gaeco e pelo Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) do Ministério Público hoje (3). É o mais duro golpe no partido em que João Rodrigues está desde as denúncias envolvendo o ex-governador Raimundo Colombo, que foi incluído duas vezes em delações da Operação Lava Jato em 2017, mas que foi absolvido em 2020 das acusações contra ele.
A última pesquisa IPC para a Prefeitura de Criciúma, divulgada ontem (2) pela Rádio Som Maior, apontava um crescimento de Vaguinho, candidato da situação, e uma queda de Ricardo Guidi (PL), principal postulante da oposição, e que conta com o apoio do governador Jorginho Mello. Em votos válidos, a disputa indicava a liderança de Guidi, com 44,8%; seguido de Vaguinho, com 37,1%.
Esse cenário certamente será remexido com a prisão de Clésio, acusado de integrar uma organização criminosa que fazia fraudes licitatórias e contratuais, corrupções, crimes contra a ordem econômica e economia popular envolvendo a concessão de serviço funerário na cidade de Criciúma. Conforme o Gaeco, essa organização era composta por 17 pessoas. Neste momento, todas estão atrás das grades de forma preventiva.
E não pense que o terremoto só atinge Criciúma. As réplicas do tremor serão sentidas por todo o Estado. Tenho certeza de que neste momento a campanha do Pedro Uczai (PT) está pensando em como abordar a amizade que Clésio tem com João Rodrigues de forma a tirar votos do candidato à reeleição por meio da propaganda eleitoral.
Importante ressaltar que o prefeito de Chapecó não tem nada a ver com o que acontece em Criciúma, mas agora ele vê o principal entusiasta da pré-candidatura dele ao Governo do Estado em 2026 na cadeia. Cabe destacar também como isso será usado contra, entre outros candidatos do PSD, Topázio Neto, candidato à reeleição em Florianópolis, que poderia levar a disputa em primeiro turno, conforme alguns institutos de pesquisa.
Interferência política?
Levantam-se suspeitas de que a prisão do prefeito de Criciúma pode ter tido interferência política do Governo do Estado. Conforme informações da colunista Dagmara Spautz, da NSC, a desembargadora que autorizou as prisões, Cinthia Schaefer, tem uma reunião marcada para hoje com Jorginho Mello, a fim de aceitar ou não o cargo de secretária de Estado da Administração Prisional, pasta mais conturbada da gestão estadual até aqui. Salvaro gravou um vídeo em que atribui a Jorginho a operação por interesse eleitoral.
Cinthia também foi a desembargadora responsável por autorizar as prisões realizadas pela Operação Mensageiro, que desmantelou uma organização criminosa que fazia fraudes e pagava propinas em licitações envolvendo a coleta de resíduos, e prendeu 17 dos 28 prefeitos catarinenses detidos durante o último ciclo eleitoral (2021-2024). Com a prisão de Clésio, o PSD passa a ter quatro dos 42 prefeitos eleitos em 2020 presos em algum momento do último ciclo eleitoral.
Recadinhos
- Luciane Carminatti (PT) foi a segunda candidata a vice-prefeito de Chapecó a ser sabatinada pela equipe eleitoral da Condá FM hoje.
- Ela reconheceu que é “velha de guerra”. Respondeu aos questionamentos com a experiência que possui no Legislativo municipal e estadual.
- Considero que Luciane foi inteligente ao citar Lula apenas duas vezes em toda a sabatina. O foco na realidade municipal era algo necessário para o bom desempenho que ela teve no programa.
- A pergunta que fiz sobre o programa de habitação proposto pela chapa do PT, e que rendeu a resposta de Carminatti já ter morado em casa popular, foi sugerida por ouvintes da Condá FM, os quais agradeço a atenção.