
O grito de independência, que ecoou há 203 anos, foi substituído pelo da “anistia” em 2025. Algo que foi muito reprovado por aqueles que, nos comentários dos vídeos da cobertura do Grupo Condá de Comunicação, reclamam que o Dia da Independência seja um dia exclusivo para demonstrações de civismo e patriotismo, de forma apartidária, como o fizeram 10 mil pessoas ontem (7), em Chapecó.
Em meio ao julgamento histórico no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, o Sete de Setembro deixou de ser apenas uma data comemorativa para se consolidar como termômetro da polarização brasileira, com direito a manifestações de esquerda e direita em mais de 20 capitais do país, e dezenas de cidades do interior.
Conforme a newsletter The News, em São Paulo, movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda reuniram, segundo o Cebrap, 9 mil pessoas na Praça da República, sob a bandeira da defesa da soberania nacional e contra a anistia para Bolsonaro. O ato ecoou o discurso de Lula veiculado no dia anterior em rede nacional, quando o presidente disse que o Brasil “não será colônia de ninguém” e acusou adversários de “traição à pátria” diante das pressões americanas.
Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o desfile oficial também teve protestos. Parte do público gritou “sem anistia” quando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegou à tribuna. Cabe mencionar que o desfile da capital do país não teve aderência da comunidade local, como já vem sendo tradição dos brasilianos nos últimos anos.
Do outro lado do espectro político, líderes de direita e apoiadores de Bolsonaro saíram às ruas pelas principais capitais do país. O destaque ficou com São Paulo, que reuniu, de acordo com o Cebrap, 42 mil pessoas em ato convocado por líderes religiosos e parlamentares.
Ao lado do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o pastor Silas Malafaia, e Michelle Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pediu anistia ampla e defendeu a candidatura de Bolsonaro em 2026. O governador ainda pediu que Hugo Motta paute a anistia e afirmou que o julgamento no STF é “sobre um crime que não existiu”, ao fazer fortes críticas ao ministro Alexandre de Moraes.
O feriado foi mais uma amostra da divisão do povo brasileiro às vésperas de um julgamento que pode mudar a história política do país, e uma amostra do oportunismo político-partidário existente no sistema nacional, que impede os desfiles cívicos de terem todo o seu brilho e nostalgia. Com certeza, essa coluna estaria falando de outro assunto se todos estivessem ontem focados apenas no civismo e nas orações que, juntos, devemos fazer pelo nosso país.
- Recadinhos
- Uma recordação ao povo evangélico do Brasil: com pouca mídia e muita fé, apenas 15 dias depois da conquista do penta por parte da Seleção Brasileira de Futebol Masculino, houve um dos maiores shows da história do país em 13 de julho de 2002.
- A festa do penta levou 500 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. 10 dias depois, 1,2 milhão de pessoas estavam reunidas (e apertadas) no mesmo local para a gravação do álbum “Nos Braços do Pai”, da banda Diante do Trono.
- Para quem é analítico da música cristã, esse show beira a loucura, na forma como foi conduzido e nas manifestações espirituais registradas. Foi um marco na comunidade evangélica brasileira, algo irrepetível.
- O grande exemplo daquela noite foi o povo reunido em Brasília dobrando os joelhos e clamando, sem vergonha de chorar e gritar, em favor do Brasil, perante Deus. Mais de 20 anos depois, porque a dose não é repetida? Isso é patriotismo!