
O cientista político Caleb Bentes, de Videira, enviou à esta coluna uma nova análise do cenário econômico e empregatício de Chapecó, com base nos dados do Novo CAGED do mês de setembro. Novamente colaborando com este espaço de opinião, o diretor da D’América Consultoria Geopolítica para Negócios afirma que a capital do Oeste retomou o crescimento no mercado de trabalho, com saldo positivo de 240 vagas para o mês. Por isso, vamos expor a análise nas edições de hoje (14) e de segunda-feira (17) da coluna.
Caleb afirma que o resultado negativo de agosto não representava alteração estrutural, tampouco estava associado às tarifas americanas: “A resposta do mercado de trabalho local demonstra que Chapecó continua avançando apesar do ambiente internacional adverso, impulsionada por uma economia que combina diversificação setorial, inserção inteligente nas cadeias regionais e capacidade produtiva”.
No campo externo, as exportações do município atingiram US$ 23,5 milhões em setembro, um salto de 64,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior: “Trata-se de uma expansão expressiva, sobretudo em um contexto de ambiente global fragmentado e aumento da pressão protecionista por parte dos Estados Unidos. Enquanto diversos municípios catarinenses sofreram retração ou desaceleração nas exportações, Chapecó ampliou sua participação nos mercados do Mercosul e da Ásia”, afirma Bentes.
Em regime de reconfiguração geopolítica, com cadeias produtivas mais regionalizadas e economias buscando auto suficiência relativa, Caleb pontua que Chapecó é um dos municípios catarinenses com maior capacidade de explorar oportunidades que surgem justamente nos momentos de transição. No entanto, é importante observar que o saldo acumulado do ano, de 4.486 novas vagas, é inferior ao desempenho do ano anterior, quando Chapecó havia registrado 6.463 empregos formais no mesmo período.
A diferença, para Bentes, sugere a influência de elementos macroeconômicos que atuam sobre o mercado interno brasileiro: “Em outras palavras, a desaceleração é moderada e coerente com o cenário nacional, e Chapecó, dentro deste ambiente, mantém performance acima da média estadual, configurando-se como o quinto melhor município em saldo de empregos em Santa Catarina”.
Conforme Caleb, a leitura política de cenário reforça a posição de centralidade de Chapecó no Oeste catarinense: “Sua estrutura econômica, baseada em agroindústria avançada, serviços especializados, logística e uma indústria que se expande gradualmente, cria um eixo de atração que incorpora fluxos de trabalhadores de diversas localidades, redistribui renda e produz efeitos multiplicadores sobre toda a região”.
Para Bentes, Chapecó funciona como nó articulador de um sistema econômico local que se conecta a mercados externos e internos com fluidez: “Essa característica é de grande relevância em um mundo marcado por volatilidade geopolítica e pela necessidade de adaptações rápidas aos novos fluxos comerciais”. A coluna de segunda-feira irá aprofundar a análise feita pelo cientista político da criação de empregos em Chapecó no mês de setembro.
Recadinhos
- As eleições de ontem (16) no Chile mostraram que será muito difícil a direita não voltar ao poder em 2026. O 2º turno será entre a comunista Jeanette Jara, candidata do governo de Gabriel Boric, e o republicano de direita José Antônio Kast.
- As outras duas candidaturas de direita, compostas pelo libertário Johannes Kaiser, e por Evelyn Mattei, que já disputou um 2º turno contra Michelle Bachelet em 2013, e perdeu, já declararam apoio a Kast.
- Somando as três candidaturas de direita, a votação do espectro político somou 50,3% dos votos válidos, contra 28,7% das três candidaturas de esquerda e 21% das duas candidaturas de centro, que já sinalizaram que não orientarão voto.
- No Congresso, dos 155 deputados, 77 foram eleitos pela direita, sendo necessário apenas um deputado de centro ou independente para formar maioria simples. Já no Senado, dos 50 senadores, a bancada da direita chegou a 25 cadeiras.





