Na última quarta-feira (17), começou a segunda tentativa por parte do prefeito João Rodrigues (PSD) de municipalizar o sistema de água e esgoto em Chapecó. A imensa maioria da população, cerca de 80% conforme a enquete do Primeira Hora da Condá FM, é a favor desta operação. Eu também sou, no entanto, não podemos esquecer da falida experiência de 2009, que envolveu brigas políticas e judiciais que hão de se repetir 15 anos depois.
Na primeira ocasião, politicamente falando, o embate foi entre João Rodrigues e Milton Sander. De um lado, o prefeito de Chapecó. Do outro, o diretor regional da Casan. A Prefeitura pretendia assumir a gestão da água e do esgoto no dia primeiro de dezembro de 2009, mas a estatal conseguiu protelar a decisão com medidas judiciais. A Casan venceu em primeira instância, mas perdeu nos julgamentos do Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal de Justiça, conforme reportagens da época.
Não bastasse a questão pessoal e jurídica, no mesmo dezembro de 2009, 1.500 pessoas fizeram um protesto a favor da Casan e contra o prefeito. A motivação foi dos sindicatos e instituições de esquerda, que taxaram o governo João Rodrigues de “neoliberal”, e disseram que a municipalidade privatizaria o sistema de água e esgoto assim que a Prefeitura conseguisse operar tudo. Para esta nova tentativa de municipalização, o prefeito foi claro: “Vamos criar a Companhia Municipal de Água e Esgoto”. Ou seja, teremos uma empresa municipal se o processo de saída da Casan de Chapecó for bem-sucedido. Nada privado.
Medida eleitoreira? Sim!
Começar um processo longo como esse da possível municipalização da água e do esgoto em 15 de julho é uma medida eleitoreira. Não deixa de ser correta, não deixa de ter argumentos, não deixa de ser histórica e merecedora do mais amplo apoio da comunidade, mas é tão eleitoreira quanto a demora da Casan em se manifestar sobre o ultimato municipal, afirmando que ainda não havia lido o teor do documento enviado pela Prefeitura até a tarde de ontem. O problema aqui não é o que se propõe, é quando se propõe.
E passa por esta visão vários comentários de ouvintes da Condá FM, que podem se resumir nesta sentença: “Se João Rodrigues quer municipalizar, bora. Mas e depois que ele deixar de ser prefeito? O serviço de água e esgoto vai ter uma constância?”. É uma preocupação legítima do eleitor que não pensa só no hoje. Esse, com certeza, vai ser aquele que mais sabiamente votará em 6 de outubro, independentemente dos candidatos.
Veja como é importante a informação e a recordação, e por isso, desejo que tudo que está sendo feito seja pelo melhor de Chapecó. Queremos continuar crescendo enquanto município sem se preocupar com a água e o esgoto. Não adianta uma estatal comemorar investimentos de R$ 30 milhões em um ano se existe um sucateamento de décadas. Temos a oportunidade de dar um novo panorama para este serviço tão importante. Claro que ela não veio da forma ideal, mas está aí. Aguardemos os próximos capítulos desta saga.
PP lança a pré-candidatura de Cella
O Progressistas realizará hoje (18), às 19h, a apresentação de Elio Cella como pré-candidato a vice-prefeito de Chapecó, além da nominata de pré-candidatos a vereadores pelo PP no município. O evento ocorrerá na sede da Afusoeste. Cella se licenciou do cargo de Diretor de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Prefeitura para disputar a composição da chapa majoritária liderada por João Rodrigues.
Elio foi eleito vice-prefeito de Chapecó em 2004 e 2016. Na primeira oportunidade, esteve ao lado do atual prefeito, e ocupou o cargo de chefe do Executivo municipal em 2008, último ano do mandato. Também foi eleito vereador por duas vezes, nos anos de 1992 e 1996. Vejo Cella como a grande esperança da coligação que apoia João Rodrigues de o PSD não ir com chapa pura para a disputa de prefeito e vice. As convenções partidárias, no entanto, é que trarão as reais definições.
Recadinhos
- Vergonhosa a cobertura vacinal contra a Poliomielite em Chapecó. Conforme levantamento do Ministério Público, apenas 36,69% das crianças menores de 5 anos estão com o esquema desta vacinação completa.
- Nos demais municípios de médio porte do Oeste catarinense, a realidade não é tão diferente. Em Concórdia, a vacinação está em 50,9%; em Joaçaba chega a 56,9%; em São Miguel do Oeste a 47,4% e em Xanxerê a apenas 26,5% do público-alvo.
- A discussão sobre as vacinas da Covid-19 que usam a tecnologia de RNA veio para arrebentar a boa fama que a imunização tinha no Brasil. Nunca estivemos tão perto do retorno da paralisia infantil em nossa região.
- Pesquise sobre a epidemia de pólio que teve no nosso país na década de 1950, e depois leve seu filho ao posto de saúde. Peça dispensa do trabalho, faça um esforço.