Uma mulher que teve graves complicações decorrentes de uma gaze esquecida no interior do seu abdômen, após cesárea do segundo filho, será indenizada em R$ 40 mil por danos morais e estéticos. Parte do intestino da paciente teve que ser retirada devido ao estado em que o órgão se encontrava em virtude da convivência com o objeto estranho.
O processo tramitou no Fórum de São José do Cedro, sob regência do juiz Lucas Antonio Mafra Fornerolli. Foram condenados a arcar com a indenização, em conjunto, o médico responsável, a associação hospitalar que mantém o Hospital Cedrense, e o município onde o fato foi registrado.
A vítima começou a sentir fortes dores abdominais dias depois do parto. Em nova consulta com o mesmo médico, o diagnóstico foi uma pequena infecção. Mesmo com o uso prolongado da medicação receitada, as dores se intensificaram, com registro de constipação e vômitos por longo período. Três meses após a cesariana, o mesmo profissional fez uma cirurgia para investigar o que ocorria e encontrou algo semelhante a um tumor no intestino grosso.
Diante da situação, a vítima foi transferida para outra unidade hospitalar, em município vizinho. Em novo procedimento cirúrgico, agora realizado por outros médicos, foi constatado que o “tumor” era, na verdade, uma gaze envolta pelo intestino grosso. Foi necessária a retirada de 40 centímetros do órgão, dos quais 3,5cm estavam necrosados.
Em sua defesa, o médico que fez o parto argumentou que a gaze poderia ter sido deixada na primeira cesárea que a mulher foi submetida, dois anos e sete meses antes. No entanto, um laudo demonstrou que o objeto não foi identificado nos exames de imagem realizados durante o pré-natal da segunda gestação. O mesmo documento relata que cada organismo reage de maneira diferente a um corpo estranho, e que é possível a situação chegar a tal agravamento em poucos meses, como aconteceu no caso.
Os réus foram condenados de forma solidária. Dessa forma, o pagamento das indenizações deve ser dividido entre eles. Os danos morais foram arbitrados em R$ 30 mil, e os danos estéticos em R$ 10 mil. Os valores estipulados devem ter correção monetária. Ainda cabe recurso da decisão.