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Ótica Recris – 20 anos de uma história com DNA familiar

Como não começar essa história falando de companheirismo e cumplicidade, pois caro leitor é disso que trata essa matéria. Mais do que a trajetória de um casal empreendedor e cheio de sonhos, essa é uma história de amor e de batalhas vencidas.

E quem é esse casal? Ele é Neri Miller, gaúcho de São Valentim, que vive em Chapecó desde os 3 anos de idade. De origem humilde, nascido em uma família numerosa de 10 irmãos, ele relembra: “apesar de sermos uma família sem muitos recursos, nunca nos faltou nada. Nossos pais plantaram em nós a semente do carinho e a vontade de trabalhar.” Neri começa cedo e aos 20 anos já viajava, “fazendo a região” como representante comercial de uma empresa que comercializava peças e fazia reformas em máquinas pesadas.

Ela, Lindamir Maria Bortoli Miller, catarinense de Campos Novos, que aos 18 anos escolheu Chapecó ao invés de Porto Alegre, onde queria estudar.

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Lindamir acredita que sua veia empreendedora foi herdada do pai, que no interior de Campos Novos tinha criação de porcos e também era agricultor. O pai sempre foi irrequieto, na comunidade onde moravam não havia energia elétrica. Inconformado, ele constrói uma pequena usina, e, por coincidência do destino, a luz chega à propriedade no dia do nascimento de Lindamir, e a brincadeira ficou na história da família, que a mãe e o pai “deram a luz” no mesmo dia. 

Ela lembra com bom humor que o primeiro carro a circular pela região, também foi trazido pelo pai, “ele foi buscar em São Paulo, mas como ainda não sabia dirigir, bota a família toda no carro e tomba na primeira curva, mas como era uma rural, foi só “destombar” e seguir rodando.” 

Bem sucedido, o pai de Lindamir teve um revés, quando se inicia uma briga judicial com o vizinho de propriedade, a batalha se arrasta por anos, cansado, ele decide vender tudo e mudar para o centro de Campos Novos. Agora na cidade, e contrariando a família, ela decide trabalhar, seu primeiro emprego, aos 14 anos, foi em uma loja de confecções. Como na escola ela faz o segundo grau técnico em contabilidade, aos 15 anos consegue uma oportunidade num escritório na área e aos 18 já era gerente. “Eu me envolvia tanto no escritório, que ficava até tarde sem perceber o passar das horas, naquela época os computadores estavam chegando e esse mundo empresarial me encantava.”

Foi pela influência de um professor que era chapecoense, Lindamir ouve falar dessa cidade que estava em franco desenvolvimento. Com uma amiga que tinha um tio que morava aqui, convenceu os pais a deixá-la conhecer a cidade.

Ela se apaixonou pela cidade e o destino agiu rápido. Decidida a ficar, ela procura uma agência de empregos e na primeira entrevista foi contratada para o RH de uma empresa que estava expandindo. Mas, onde morar? O pessoal da empresa recomendou a pensão da Vó Zica. Empregada e com lugar para morar, faltava só convencer a família. Mas quem para uma jovem de 18 anos com uma ideia na cabeça?

Com o irmão mais velho, que a acompanhou nos primeiros dias, ela veio para nunca mais voltar. E quer pacote mais completo? Quis a vida que eles se encontrassem como funcionários da empresa de máquinas pesadas, a Mang Peças, e a menina que saia de casa em busca de liberdade “arruma um namorado” nas primeiras semanas de vida independente.

Juntos, e no ano de 1990, eles abrem uma empresa no mesmo ramo de máquinas pesadas, a Hidrapeças, que permanece aberta até 1997. Segundo Neri, “abrimos a empresa nos piores anos de hiperinflação e planos mirabolantes do governo federal. Ainda inexperientes, não conseguimos suportar os atrasos nos pagamentos. Como nossos clientes eram basicamente prefeituras, comprávamos à vista e vendíamos a prazo, e normalmente as prefeituras não cumpriam os prazos contratados. Assim acabamos buscando dinheiro nos bancos, o que inviabilizou o negócio”. 

Com a sociedade na empresa, também veio a sociedade na vida e eles se casam em 1992, em 1997, nasce Stefani, a primeira filha do casal.

“Foram anos cheios de emoções: a primeira empresa, o início do casamento, a primeira filha, tudo muito rápido, muito aprendizado, muitas decisões a serem tomadas”. Com o fechamento da Hidrapeças, Neri inicia uma representação de produtos e serviços para grandes obras. “Eu conhecia a região e sempre fui vendedor, a nova representação era num ramo de valores agregados, as vendas rendiam expressivas comissões, o que nos possibilitou um bom padrão de vida”.

Mas Lindamir, sempre muito ativa, não conseguia se imaginar sendo mãe e dona de casa em tempo integral. Decidida a encontrar uma atividade, começa a pesquisar oportunidades de negócios, com a ajuda de Neusa, irmã de Neri que trabalhava em ótica e conhecia o ramo, elas iniciam uma sociedade e em outubro de 2002, alguns meses após o nascimento de Victor Hugo – o segundo filho, inauguram a Cristal Ótica.

A primeira loja ainda está no mesmo endereço até os dias de hoje, na Rua Porto Alegre, próximo à Unimed. Lindamir relembra, “o ponto foi se tornando muito bom com o passar do tempo, na época da abertura, as vezes passávamos até dois dias sem uma alma entrar na loja, os primeiros anos não foram fáceis. Mas tínhamos confiança que era o negócio certo, por muito tempo reinvestimos todo capital que ganhávamos, nosso sustento provinha da empresa de representação do Neri, mas nunca perdemos a fé em dias melhores.”

E os dias melhores foram chegando, eles compram a parte de Neusa e ficam com 100% do negócio. Lindamir passou a frequentar cursos específicos sobre o ramo ótico e mais tarde, forma-se em administração de empresas. Nesse período, mesmo com a empresa de representação, Neri era parte ativa no planejamento e nas tomadas de decisão da loja.

Em 2009, quando Neri soube da implantação do shopping em Chapecó começou a sonhar com uma futura loja lá, eles foram o contrato 01 de reserva de sala no futuro empreendimento. Em 2011, na inauguração do shopping abrem a segunda loja da rede e em 2013 eles inauguram a unidade do bairro Efapi.

Segundo Neri, “estávamos motivados a fazer lojas diferentes para públicos diferentes, nossa loja no shopping atende um público prime e a da Efapi tem um conceito mais popular.”

Desde a fundação da ótica em 2002, até o ano de 2014, Neri conciliava a representação comercial com o suporte que Lindamir necessitava, porém com a abertura das novas lojas e o faturamento crescente, o casal toma a decisão de encerrar a representação e manter o foco total na rede que estava em franca ampliação. “Foram quase 20 anos na estrada, finalmente achei que era hora de parar”, o ano de 2014 marca também a abertura das primeiras lojas fora de Chapecó, nas vizinhas Pinhalzinho e Xanxerê, mais tarde também inauguram uma loja Erechim e uma em São Miguel do Oeste.

Os planos de expansão eram muitos, e o sonho de iniciar uma franqueadora começou a tomar forma, para isso precisam registrar a marca. A palavra Cristal é de uso comum e por regra não pode ser registrada, por isso, eles criam o nome Recris, que é a abreviatura de Rede Cristal, gradativamente fizeram a migração do nome, porém como lembra Lindamir, “nosso CNPJ tem 20 anos, decidimos manter o Cristal Ótica Ltda como razão social.”

Gradativamente o negócio se torna familiar, a inserção dos filhos é motivo de orgulho para o casal, “a Stefani, muito expansiva, aos 14 anos fez parte do programa Jovem Aprendiz, realizando seu estágio na Repro Produtos Ópticos. Foi natural seu envolvimento na empresa, setor por setor ela foi conquistando seu espaço e mostrando sua capacidade.”

As crianças literalmente cresceram dentro do negócio, a loja na Porto Alegre era o “QG” da família. Stefani até pensou em fazer medicina, mas tomou a decisão consciente de não fazer o curso para dedicar-se à vida empresarial, cursando administração de empresas e seguindo os passos da mãe, que teve o privilégio de ser a monitora do estágio da filha. “Foi muito legal assinar a papelada como responsável pelo estágio dela, um sentimento de orgulho, pois pude passar esses aprendizados pra minha filha e sucessora nos negócios, coisas simples que são marcantes.”

Para Lindamir, pelo fato dos filhos terem 5 anos de diferença eles vieram para a empresa em momentos diferentes. “Para o Victor, as coisas foram mais fáceis, e essa é uma “queixa” da Stefani, com quem fomos mais exigentes.” Mesmo com as facilidades que todo caçula tem, Victor também começou a trabalhar bem cedo. A mãe lembra que “aos 13 anos, ele começou com serviços bancários, sendo o responsável pelo malote. Levei ele ao banco, apresentei pra todo mundo e no segundo dia larguei ele na agência e fiquei esperando no carro, lembro até hoje da carinha dele perguntando: Hoje você não vem comigo?”.

E dessa forma a família encontrou sua dinâmica de trabalho, hoje Lindamir e Stefani concentram-se na parte administrativa e de RH, e Neri e Victor assumiram a expansão e o marketing. “Não que sejam coisas separadas totalmente, acaba que os quatro entendem o negócio como um todo e participam das decisões mais importantes, mas com funções e setores distintos, a  coisa flui com mais organização e objetividade.”

E, dentro dessa dinâmica familiar, importante citar que também, junta-se à empresa, atuando no setor financeiro Ethieli Miller, filha de Neri, fruto de um relacionamento anterior ao namoro com Lindamir, “convivemos todos em harmonia, acho muito importante a Ethieli estar conosco dividindo os momentos em família e fazendo parte do crescimento das empresas”, reforça Neri.

No ano de 2017, após muito planejamento, eles alugam uma sala comercial em Erechim pois era um sonho de Neri abrir uma loja no Rio Grande do Sul. Porém, nesse momento, eles são testados pela vida.

Muito emocionados, eles relatam toda a dureza de enfrentar uma doença. Neri foi diagnosticado com um tumor cerebral, “a notícia nos destroçou, foram tempos bem difíceis e com muita insegurança”, narra Lindamir com lágrimas nos olhos. Mas quis Deus que a cura viesse depois da cirurgia e de cuidados. Hoje quase 6 anos se passaram e Neri não teve recidiva. “Eu tive muita sorte, primeiro de ter a Lindamir ao meu lado, depois de ter vencido a situação, a doença passou mas deixou lições, sigo mais calmo e aprendi a não deixar tanto a vida pessoal de lado, aprendi a equilibrar mais trabalho e laser, hoje temos uma Chácara no rio Uruguai, um refúgio para descaso e momentos de descontração.”

Com a recuperação, os filhos tomam a decisão de seguir com os planos de expansão e são eles que dão apoio ao pai para abrir a loja em Erechim e seguir com os sonhos temporariamente adiados.

Nesse tempo retomaram também os planos de abrir uma franqueadora, ideia que vinha sendo incubada por muito tempo.

Segundo Neri, “começamos o desenvolvimento efetivo da franqueadora de lojas de produtos óticos, com a empresa Cherto, de São Paulo, uma das melhores consultorias do Brasil, porém depois de algum tempo pensamos, temos a solução caseira.” Assim, eles chamam o chapecoense Sérgio Migliorini, que presta toda a assessoria necessária para o negócio se concretizar. Lindamir lembra que “fomos muito pé no chão, não começamos as vendas sem antes ter tudo certinho, todos os registros e o selo da ABF (Associação Brasileira de Franchising).”

Depois de muito tempo sonhando com o projeto e de dois anos de trabalho duro, a franqueadora saiu do papel e está em expansão, já são 05 lojas funcionando, nas cidades de Frederico Westphalen, Xaxim, Pato Branco, Seara e Concórdia. “Nossos planos são bem audaciosos, além das 05 lojas em atividade, já temos mais 06 franquias vendidas, 02 em Passo Fundo, uma em Francisco Beltrão, uma em Maravilha, uma em Joaçaba e uma em Caçador”, complementa Neri.

Segundo o casal, o negócio de franquias vem sendo uma grata surpresa, “nossa meta era chegar em 2022 com 20 lojas e chegamos em 18 (somadas as 7 lojas próprias, as 5 franquias instaladas e as 6 vendidas), porém tivemos que batalhar contra a pandemia que atrasou muitas situações, contabilizando as dificuldades que esse vírus trouxe a todos concluo que nos saímos muito bem, seguimos firmes e confiantes, nossa meta para 2025 é de 100 lojas.”

A expansão vem sido planejada cuidadosamente, sendo que primeiro eles vem mapeando cidades nos 3 estados do sul, e num segundo momento, outros estados devem entrar no radar.

Certamente, a pandemia teve reflexos impensados, e eles saíram-se muito bem, segundo Lindamir, “na primeira fase da pandemia em março de 2020, o impacto de ver as lojas fechadas foi um verdadeiro susto, ainda assim concluímos o ano com 8% de crescimento. A maior dificuldade foi 2021, quando registramos perdas, retomamos o crescimento somente agora, no segundo semestre de 2022”.

A franqueadora vem sendo um desafio diferente, um negócio implementado já com a presença dos filhos, uma energia nova ao dividir experiências com outros franqueadores de todo o Brasil, através das reuniões das associações, conhecendo cases dos mais variados.

Mas esse negócio só é possível, graças as vantagens que o franqueado tem. Além da direção recebida quanto à escolha do ponto, treinamento de funcionários, sistema de gestão da unidade, ações de marketing, Neri reforça: “eu sempre inicio minha conversa com os franqueados dizendo: Isso tudo nós já passamos por vocês”, mas o “pulo do gato”, segundo Lindamir, “está nos descontos para confecção de lentes e armações que foram conquistados em 20 anos de negociação e pagamentos em dia, tudo que obtivemos para nossas lojas próprias, o franqueado recebe no momento que firma contrato conosco.”

Tudo o que é repassado ao franqueado é antes discutido e testado na loja piloto da rede, aquela do endereço da Rua Porto Alegre onde tudo começou, para Lindamir, “uma das maiores preocupações que temos é que o produto ofertado tenha qualidade, aceitação e principalmente durabilidade, me orgulho em dizer que nossos produtos têm menos solicitações de garantia que  outros de marcas consolidadas no mercado.”

Dentre as tantas vantagens do franqueado, está a venda de produtos das marcas próprias, são elas: a linha Zaffira, a linha Voyage, a Atual Vision todas com opções de produtos masculinos e femininos e o xodó da família, a linha luxo masculina chamada Nicácio Miller, em homenagem ao pai de Neri.

Mas além da homenagem ao pai, a escolha do nome tem uma história interessante. Ao decidirem lançar a marca, houve uma reunião sugestão de nomes. A surpresa foi o apresentado pelo filho Victor, segundo Neri “ele veio com tudo pronto, o nome que era emblemático (já que era o do meu pai) e com uma sonoridade agradável, o desenho da logomarca, e como falamos na área, ele apresentou a defesa da marca com muita propriedade.”

Como não se orgulhar? Pois mais do que uma boa ideia seja o sinal de que o trabalho como pais ao encaminhar os filhos no negócio, foi feito com sucesso, é a certeza de que esse trabalho vai render bons frutos.

Não poderíamos finalizar essa matéria sem falar dos nossos “bebês pandemia” (risos). São Lorena, de um ano e oito meses e Louise de apenas dois meses de idade, as netas do casal, filhas de Stefani. “Nossa nova alegria, nossas manhãs de domingo cercados por fraldas e mamadeiras”, finaliza a emotiva Lindamir, novamente com lágrimas nos olhos, mas lágrimas de pura felicidade.

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