Nos últimos meses, o Rio Grande do Sul tem enfrentado um cenário de desafios e recuperação econômica. A indústria do estado, duramente afetada pelas enchentes de maio, registrou um crescimento expressivo de 34,9% em junho, segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE. Esse aumento, o maior já registrado na série histórica da pesquisa, destaca a capacidade de recuperação das fábricas gaúchas após a tragédia climática.
Recuperação industrial: Reflexo da resiliência
O crescimento acentuado em junho é explicado, em parte, pela base de comparação negativa, pois em maio a produção havia recuado 26,3% devido às paralisações causadas pelos alagamentos. A retomada das atividades foi marcada por uma recuperação vigorosa em setores-chave, como produtos químicos, derivados do petróleo, veículos automotores, máquinas e equipamentos, e metalurgia. Esses setores foram fundamentais para impulsionar o desempenho industrial do estado, colocando o Rio Grande do Sul como o maior responsável pelo crescimento de 4,1% na produção industrial nacional em junho.
A resiliência da indústria gaúcha também é evidente quando se observa que, apesar da recuperação, o setor está 2,7% acima do patamar pré-pandemia, semelhante ao crescimento nacional de 2,8%. Contudo, o acumulado do ano ainda apresenta um recuo de 1%, e de 2,3% nos últimos 12 meses, refletindo os desafios contínuos enfrentados pela economia local.
Apoio financeiro: BNDES e o Fundo do Pré-Sal
Paralelamente ao crescimento industrial, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desempenhou um papel crucial ao aprovar R$ 4,8 bilhões para o Rio Grande do Sul, provenientes do Fundo Social do pré-sal. Esse montante, que representa cerca de um terço dos R$ 15 bilhões destinados pelo Programa BNDES Emergencial, tem sido vital para apoiar pequenas e médias empresas afetadas pelas enchentes.
O Fundo Social, criado em 2010 com recursos da exploração de petróleo e gás natural em áreas do pré-sal, foi dividido em dois orçamentos: R$ 7,85 bilhões para apoio direto a grandes empresas e R$ 7,159 bilhões para apoio indireto, destinado a micro, pequenas e médias empresas, por meio de bancos privados, públicos, cooperativas de crédito, e outros agentes financeiros. Até agora, mais de 60% do orçamento previsto para a modalidade indireta já foi executado, com o setor de comércio e serviços sendo o maior beneficiário.
Além disso, o BNDES aprovou aproximadamente R$ 4,1 bilhões em crédito emergencial para capital de giro, permitindo às empresas pagar salários, comprar insumos, quitar fornecedores e manter empregos. Outras linhas de crédito também foram aprovadas, incluindo R$ 623 milhões para máquinas e equipamentos e R$ 86,5 milhões para investimento e reconstrução.
Perspectivas para o futuro
Somando os R$ 4,8 bilhões autorizados pelo Programa BNDES Emergencial com R$ 1,6 bilhão em suspensão de pagamentos e R$ 2,1 bilhões em crédito pelo Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI PEAC), o BNDES mobilizou um total de R$ 8,5 bilhões para apoiar as empresas gaúchas. Esse apoio financeiro, aliado à recuperação industrial, é um indicativo de que, apesar dos desafios, o Rio Grande do Sul está no caminho certo para superar os impactos das enchentes e continuar sua trajetória de crescimento e desenvolvimento econômico.
O cenário atual é de esperança e resiliência, com a indústria gaúcha demonstrando sua capacidade de se reerguer e o apoio financeiro robusto sendo direcionado para garantir que as empresas afetadas possam não apenas sobreviver, mas também prosperar nos próximos meses. A recuperação do Rio Grande do Sul serve como um exemplo de como uma resposta coordenada e eficaz pode transformar adversidades em oportunidades de crescimento.
