quarta-feira, outubro 22, 2025
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Pé-de-Meia: o retrato da bagunça governamental

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

Parece piada, mas não é. Em diversas cidades brasileiras, há mais beneficiários do programa Pé-de-Meia do que estudantes matriculados no ensino médio. Ou seja, o governo está pagando auxílio a gente que nem estuda. E ninguém sabe explicar direito como isso é possível.

O Pé-de-Meia foi criado para incentivar jovens de baixa renda a permanecerem na escola. Uma ideia bonita, em tese. Mas o que deveria ser política de inclusão se tornou um exemplo de desorganização administrativa e desperdício de dinheiro público.

Como é que o governo, com toda a estrutura e tecnologia que possui, não consegue cruzar dados básicos entre o Cadastro Único e o Censo Escolar? Estamos em plena era digital, e ainda assim os ministérios parecem trabalhar com fichas de papel e carimbo.

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Em Riacho de Santana (BA), por exemplo, são 1.231 beneficiários para 1.024 alunos. Em Porto de Moz (PA), 1.687 beneficiários para 1.382 alunos. Em Natalândia (MG), 326 beneficiários para 317 alunos. São números oficiais, não invenção. E o governo? Silêncio absoluto.

Enquanto o brasileiro luta para pagar imposto e enfrentar a inflação, o dinheiro escorre pelos dedos de Brasília em programas mal fiscalizados, onde a boa intenção vira cortina para incompetência. É o velho filme do “faz de conta”: o governo finge que está ajudando, e parte do eleitorado finge que acredita.

O mais grave é que essa distorção revela algo maior: a falta de gestão e de meritocracia. Não existe controle, auditoria ou responsabilidade. Os mesmos ministérios que falam em “inclusão social” são incapazes de garantir o mínimo de eficiência.

Em qualquer empresa séria, um erro desses derrubaria diretor e gerente. Mas no governo, ninguém perde o cargo — perde-se apenas o dinheiro do povo. E quando alguém questiona, vem o discurso pronto de “ataque à educação” ou “fake news”. Não é fake, é fato: o programa está descontrolado.

O Brasil não precisa de mais programas assistencialistas sem rumo. Precisa de gestão, transparência e fiscalização. O pobre não quer esmola, quer oportunidade. O estudante não quer depender de auxílio, quer ensino de qualidade.

Enquanto o governo distribui milhões sem saber a quem, a verdadeira pobreza continua na escola sucateada, no professor desmotivado e no jovem sem perspectiva. O Pé-de-Meia, hoje, é o símbolo da velha política que compra aplauso com o dinheiro alheio.

Chegou a hora de parar de “meter a mão” e começar a meter gestão. Porque o Brasil não aguenta mais ser vítima da incompetência travestida de solidariedade.

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