quinta-feira, novembro 27, 2025
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O sistema político já percebeu: o governo Lula perdeu o rumo

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

Há momentos em que a política brasileira deixa escapar, nas entrelinhas, sinais claros de desgaste. Nos últimos dias, a reação do Congresso, das lideranças partidárias e até de figuras historicamente próximas ao governo mostra que Lula não controla mais o tabuleiro como imaginava. A prisão de Bolsonaro — fato gravíssimo que por si já abala o país — apenas iluminou uma realidade que Brasília vinha sussurrando há semanas: o governo perdeu a mão da articulação, perdeu autoridade e, sobretudo, perdeu a confiança de boa parte do sistema político.

Os sinais não são sutis. São explícitos.

O presidente da Câmara rompeu com o líder do governo. O presidente do Senado, um dos aliados mais habilidosos e leais que Lula teve em décadas, também virou as costas para o Palácio do Planalto. Ambos faltaram a uma cerimônia estratégica para o governo, gesto que em Brasília vale mais do que qualquer discurso. Quando dois chefes de Poder — que controlam a pauta, as votações e o ritmo de todo o país — demonstram desagrado ao mesmo tempo, não é coincidência. É diagnóstico.

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E o diagnóstico é duro: Lula perdeu capacidade de articulação e está isolado.

O Planalto prefere culpar “a conjuntura”. Diz que a prisão de Bolsonaro radicalizou o ambiente político. Mas isso é uma desculpa conveniente. A verdade é que o governo já vivia um clima de desgaste interno muito antes das celas serem trancadas. O atrito começou com disputas por indicações ao Supremo Tribunal Federal, continuou com atrasos em projetos prometidos ao Congresso e se agravou com a conhecida dificuldade de Lula em dividir decisões com as lideranças do Legislativo.

A prisão de Bolsonaro não criou a crise; apenas serviu como catalisador.

Enquanto a oposição se organiza emocionalmente em torno do ex-presidente preso — com erros e excessos, é verdade —, o governo parece incapaz de organizar racionalmente sua própria base. Os discursos do presidente, cada vez mais repetitivos, já não mobilizam como antes. A velha fórmula de apelo histórico, confronto ideológico e promessas vagas já não empolga aliados. E o que mantém um governo de pé não é só a força formal do cargo, mas a capacidade de convencer, negociar e liderar.

Hoje, Lula convence pouco, negocia mal e lidera quase ninguém.

É sintomático que governistas tenham passado os últimos dias tentando minimizar a crise. Internamente, porém, o clima é de apreensão. A base reclama da falta de encaminhamento. Os presidentes das Casas cobram respeito e previsibilidade. E os partidos do chamado centro fazem fila para mandar recados públicos de insatisfação. O governo tenta contornar com discursos e promessas, mas o apoio político não se sustenta em palavras: sustenta-se em resultados.

E resultados são justamente o que falta.

O país assiste, perplexo, a um governo que prometeu pacificação, mas entrega conflito; que prometeu diálogo, mas entrega isolamento; que prometeu reconstrução, mas entrega improviso. Um governo que não domina a agenda, não conduz as pautas e não inspira confiança.

Enquanto isso, a economia desacelera, os projetos travam e o país fica refém da paralisia política. A culpa não está apenas no clima polarizado ou na postura da oposição. A culpa está também — e principalmente — em um governo incapaz de administrar conflitos, construir convergências e assumir responsabilidade pelo próprio enfraquecimento.

O sistema político não abandona um governo por capricho. Abandona quando percebe que aquele governo não tem mais condições de conduzir o país com firmeza. E, neste momento, Brasília caminha exatamente nessa direção: distanciamento, frieza, reservas crescentes.

O isolamento de Lula não é obra da oposição. É obra de seu próprio governo.

Se o Planalto não compreender a gravidade do momento, a crise política pode se aprofundar e o país pagará o preço de um governo que se esgota enquanto ainda está no meio do caminho. O Brasil precisa de liderança — não de lamentações.

E liderança é justamente o que mais falta no Palácio do Planalto.

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