segunda-feira, novembro 10, 2025
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O povo deixa de comer para apostar nas Bets online

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

Nos últimos meses, uma notícia tem chocado economistas, gestores e qualquer cidadão atento ao rumo do país: as apostas online já consomem 13% do orçamento familiar que antes era destinado à alimentação. É o retrato de um Brasil que, entre a esperança e o desespero, tem trocado o prato de comida por um bilhete virtual de sorte.

Não se trata apenas de um número frio — é um sintoma social. A promessa de enriquecimento fácil, impulsionada por influenciadores e plataformas que se multiplicam a cada semana, encontrou terreno fértil em um país onde o salário é curto, o custo de vida sobe e o sonho de melhorar de vida parece cada vez mais distante. Aposta-se não apenas dinheiro, mas a última fatia de esperança.

As apostas online, que antes eram vistas como passatempo, viraram um fenômeno econômico e cultural. Movimentam bilhões e ocupam o tempo e a mente de milhões de brasileiros. Em muitos lares, o hábito de fazer o “jogo do dia” já faz parte da rotina, como se fosse um investimento. A diferença é que o retorno, na maioria das vezes, é nulo — e o prejuízo, concreto.

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Enquanto isso, o carrinho do supermercado encolhe.
A pesquisa da Kantar revela que as famílias estão comprando menos alimentos e mais promessas digitais. As compras de mercado caíram, o consumo de marcas mais caras despencou e, ao mesmo tempo, o número de pessoas com aplicativos de apostas no celular cresceu vertiginosamente. É o retrato cruel de uma nova economia do vício.

Há quem diga que é “livre-arbítrio”. Mas há um limite entre liberdade e manipulação. O marketing das apostas é agressivo, sedutor e onipresente — entra pela televisão, invade o futebol, aparece em cada rede social, fala diretamente com os jovens, muitos ainda sem consciência financeira. O vício se disfarça de diversão.

Por trás disso, há uma mudança de comportamento profunda: estamos trocando o esforço pela ilusão, o trabalho pelo acaso. Essa lógica corrói valores básicos da sociedade e ameaça a segurança alimentar, especialmente das famílias mais pobres, que gastam o pouco que têm em busca de um “gol de sorte”.

É urgente discutir o tema com seriedade. Regular o setor não basta; é preciso educar financeiramente a população, especialmente nas escolas. O Estado precisa agir não apenas como arrecadador de impostos das apostas, mas como protetor de um povo que está sendo seduzido por uma nova forma de exploração emocional e econômica.

Quando um país chega ao ponto de substituir o pão por um palpite, algo está profundamente errado.
O Brasil não precisa de mais casas de apostas.
Precisa de mais oportunidades reais, de emprego, de renda, de dignidade — e de um futuro onde o destino de uma família não dependa de um clique de sorte.

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