domingo, abril 20, 2025
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Motivos da manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano

Confira a coluna do Doutor em Ciências Contábeis e Administração, Givanildo Silva

Foto: ClicRDC

A decisão unânime do Banco Central de manter a taxa Selic em 10,5% ao ano reflete uma conjuntura econômica complexa no Brasil. Apesar de uma queda significativa no desemprego, que atingiu 6,9% no segundo trimestre de 2024, o país enfrenta sérios desafios econômicos. O Brasil está entre os vinte países com as piores taxas de poupança e investimento doméstico, com uma taxa de investimento de apenas 16% do PIB, muito abaixo dos padrões internacionais. Além disso, o déficit nominal do setor público alcançou um recorde de R$ 1,1 trilhão nos últimos 12 meses, indicando uma pressão contínua sobre as finanças públicas. Esses fatores, combinados com a necessidade de consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação, justificam a manutenção de uma política monetária contracionista, com a taxa Selic permanecendo em 10,5% ao ano.

Brasil entre as vinte piores taxas de poupança e investimento doméstico entre 170 países

O mais recente relatório do FMI destaca uma preocupante realidade para o Brasil. Mais de 150 países têm taxas de investimento maiores que a nossa. Para entender melhor, a taxa de poupança reflete quanto um país investe anualmente, somando esforços da iniciativa privada e do Estado. No Brasil, essa taxa está estagnada e recentemente caiu para 16% do PIB. Para comparação, a China registrou uma taxa de 42% em 2023.

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O investimento é crucial para o desenvolvimento econômico, permitindo a abertura de novas fábricas, lojas e infraestruturas. Sem investimento, o crescimento sustentável é comprometido. A política atual, que foca no consumo, resulta em ciclos de pequenas expansões seguidas de crises, contribuindo para a estagnação econômica e a deterioração da infraestrutura e qualidade de vida.

A formação de capital depende de arranjos institucionais eficazes. Nossas instituições econômicas são inadequadas e a política não tem se empenhado em aprimorá-las ou criar soluções. Este tema deve ser central no debate para reverter nossa situação econômica.

O déficit nominal do setor público brasileiro atingiu um recorde de R$ 1,1 trilhão

O déficit nominal do setor público brasileiro atingiu um recorde de R$ 1,1 trilhão nos 12 meses até junho de 2024, conforme dados divulgados pelo Banco Central. Este valor equivale a 9,92% do PIB, superando o déficit de R$ 1,06 trilhão registrado em maio. O aumento é atribuído ao pagamento de juros da dívida pública.

Apesar do crescimento da arrecadação, que chegou a R$ 1,3 trilhão no primeiro semestre, as contas públicas continuam a apresentar um saldo negativo. Sem considerar os juros, o déficit primário foi de R$ 272,2 bilhões no mesmo período, um aumento significativo em relação ao ano anterior. Esses resultados refletem a contínua pressão sobre as finanças públicas brasileiras.

Desemprego cai para 6,9% no trimestre até junho, menor nível para o período desde 2014, diz IBGE

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,9% no segundo trimestre de 2024, o menor nível para o período desde 2014, segundo o IBGE. A queda representa uma redução significativa em comparação aos 7,9% registrados no primeiro trimestre e aos 8,0% do mesmo período do ano passado. Este é o menor índice desde o início de 2015.

O número de desempregados caiu para 7,541 milhões, o menor desde 2015, enquanto a população ocupada atingiu um recorde de 101,83 milhões. A renda média real dos trabalhadores subiu 1,8% no trimestre, chegando a 3.214 reais. A redução do desemprego é acompanhada pelo aumento de trabalhadores com e sem carteira assinada, que também atingiram novos recordes. A população desalentada, que desistiu de procurar emprego, caiu para 3,3 milhões, o menor número desde 2016. Especialistas acreditam que a melhora no mercado de trabalho deve continuar, mas alertam para possíveis pressões inflacionárias devido ao aumento da renda.

Em decisão unânime, BC confirma expectativas e mantém Selic em 10,5% ao ano

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 10,5% ao ano. Este foi o segundo encontro consecutivo em que os juros permanecem inalterados, seguindo a decisão de maio. O BC justificou a medida citando incertezas no cenário global e a resiliência das atividades econômicas domésticas.

A instituição ressaltou que a política monetária deve se manter contracionista para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação, que subiram para 4,2% em 2024. A decisão era amplamente esperada pelos analistas, reforçando o fim do ciclo de queda dos juros iniciado em agosto de 2023. O BC reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade fiscal, destacando a importância de uma política fiscal crível para a estabilidade econômica.

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