
A política brasileira, acostumada a manchetes sobre aumento de impostos, desta vez traz uma notícia que merece ser celebrada: o governo do Paraná firmou parceria com a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, para estruturar o Fundo Estratégico do Paraná, um verdadeiro fundo soberano estadual. Diferente de tantas medidas que oneram o bolso do contribuinte, aqui a lógica é inversa: usar inteligência financeira global para multiplicar recursos já disponíveis e planejar o futuro.
Um Estado preparado para o amanhã
O Paraná chega a este momento com credenciais sólidas: caixa robusto, nota de crédito em patamares elevados e setores produtivos que vão do agro à energia renovável. Em vez de se apoiar apenas em incentivos fiscais que expiram em 2028 com a Reforma Tributária, o Estado escolhe trilhar um caminho mais moderno: transformar poupança pública em alavanca de desenvolvimento, com metas de sustentabilidade fiscal e investimento em infraestrutura, inovação e proteção contra desastres.
O peso de quem entende de mercado
A BlackRock não é apenas mais uma consultoria. É um player que conecta governos e empresas ao maior mercado de capitais do planeta. Sua área de Financial Markets Advisory (FMA) ajudará a desenhar veículos financeiros, mapear investidores e estruturar operações que, de outra forma, dificilmente estariam ao alcance de um Estado subnacional. Em linguagem simples: o Paraná está contratando quem sabe jogar o jogo global — e sem custo nesta fase de estudos.
Crescimento com responsabilidade
Há quem critique por ver riscos de “entregar as chaves do cofre” a estrangeiros. Mas a proposta não é abrir mão de soberania, e sim criar governança: um fundo com regras claras, conselho gestor, auditoria independente e objetivos definidos em lei. Se bem desenhado, o fundo garantirá que os recursos não virem gasto de curto prazo, mas investimento estratégico — exatamente como fizeram o Espírito Santo e o Rio de Janeiro em experiências recentes.
Um gesto político maduro
No Brasil, onde governantes costumam buscar soluções imediatistas, a iniciativa do Paraná é um sopro de maturidade. Planejar o futuro com instrumentos financeiros sofisticados é sinal de que o Estado não quer apenas gastar, mas investir; não quer apenas equilibrar contas, mas crescer. É uma aposta que, se bem conduzida, poderá ser exemplo para outros estados brasileiros.
No fim das contas, a pergunta que fica é: preferimos um governo que empilha impostos para cobrir buracos, ou um governo que se organiza para atrair capital e construir riqueza? O Paraná, ao lado da BlackRock, escolheu a segunda opção. E é justo que essa escolha seja reconhecida como um passo ousado na direção do desenvolvimento sustentável e inteligente.