
Enquanto a maioria dos parlamentares catarinenses sucumbiu à tentação fácil de agradar suas bases com mais cadeiras no Congresso, a deputada federal Daniela Reinehr (PL-SC) fez o que poucos tiveram coragem: votou contra o aumento de 513 para 531 deputados federais, aprovado nesta semana pela Câmara dos Deputados.
Em um parlamento muitas vezes marcado pelo corporativismo e por decisões disfarçadas de tecnicismo, Reinehr se destacou por sua postura firme, coerente e transparente. Ao rejeitar o projeto, ela deu um claro recado ao país: não se trata apenas de somar cadeiras, mas de respeitar o bolso do cidadão e valorizar a boa política com menos desperdício.
A medida — embalada sob a justificativa de “adequação ao Censo 2022” — resultará em cerca de R$ 64 milhões anuais de novos custos públicos, além de impactar também os estados, já que as Assembleias Legislativas seguem o número de deputados federais para definir suas composições. Ao votar contra, Daniela se posicionou contra essa cascata de gastos que empurra o país na direção oposta da eficiência.
Mais do que um voto, sua atitude representa comprometimento com os princípios que a elegeram: combate aos privilégios, responsabilidade fiscal e contenção do inchaço do Estado. Não é uma posição confortável. Em um Congresso onde conchavos e pressões de partido muitas vezes ditam o rumo das votações, quem nada contra a maré se expõe — e mostra coragem.
Além disso, o posicionamento de Reinehr contrasta com o de muitos colegas que, embora eleitos com discurso liberal e conservador, optaram por ampliar a máquina pública quando poderiam ter optado pela realocação responsável das cadeiras existentes. Ela fez o que se espera de uma parlamentar séria: agiu com base em convicções e não em conveniências.
Num momento em que o cidadão brasileiro enfrenta inflação persistente, serviços públicos precarizados e descrença generalizada com a classe política, a atitude de Daniela Reinehr é um sopro de coerência e dignidade no Parlamento. Não se trata de ideologia — trata-se de compromisso com o bem comum.
Santa Catarina precisa, sim, de representatividade. Mas precisa ainda mais de representantes que honrem seus votos com ações firmes, éticas e alinhadas aos interesses reais da sociedade. Daniela Reinehr fez exatamente isso.