
Santa Catarina sempre foi um território onde a força do campo supera a força do governo. O agronegócio não espera Brasília, não depende de ventos federais favoráveis e, quando precisa, cria as próprias soluções. O novo Coopera Agro SC segue exatamente essa lógica: nasce como um programa estadual que entende a alma produtiva catarinense e transforma crédito em estratégia, planejamento e competitividade.
A aprovação pela Assembleia Legislativa não foi apenas um rito político. Foi, na prática, o reconhecimento de que cooperativas e agroindústrias são os motores reais da economia catarinense. E aqui está o ponto central: o Coopera Agro SC rompe com a velha ideia de incentivos pontuais e cria condições estruturais para que o setor cresça de forma contínua — não a reboque de crises, mas à frente delas.
O programa coloca à disposição dez linhas de crédito, somando um bilhão de reais em financiamentos com juros reduzidos e prazos capazes de viabilizar projetos de verdade, não apenas remendos emergenciais. Mais que isso: ele permite que cooperativas utilizem créditos de imposto para amortizar até metade do investimento. Essa é a inovação que realmente interessa: não é só liberar dinheiro, é criar mecanismos inteligentes que ampliem a margem de crescimento sem depender de Brasília ou de ciclos eleitorais.
Também chama atenção o impacto estimado: 26 bilhões de reais movimentados, quarenta mil empregos, mais de cento e vinte mil produtores beneficiados. Não se trata apenas de números. Trata-se de transformar a realidade de pequenas propriedades, de dar escala às agroindústrias regionais e de consolidar Santa Catarina como referência nacional em produção de alimentos — do campo aos embarcadores, das cooperativas às exportações.
Mas a grande mensagem política é outra: o estado catarinense finalmente reconhece que cooperativas não são coadjuvantes da economia rural; são, de fato, as protagonistas. Em muitas regiões do Brasil, cooperativa é vista como solução de nicho. Em Santa Catarina, é infraestrutura econômica. E quando o governo compreende isso, políticas públicas passam a ter alma, coerência e impacto.
Claro que há desafios. Um programa desse tamanho exige governança sólida, avaliação técnica e filtros claros para evitar que o crédito se transforme em distorção ou favorecimento. O risco não está no desenho, mas na execução. Quanto maior o volume de recursos, maior a responsabilidade institucional. O sucesso do Coopera Agro SC dependerá da capacidade do estado e das cooperativas de manter disciplina estratégica, transparência e foco na produtividade — não em pressões políticas ou interesses de ocasião.
Ainda assim, o saldo é amplamente positivo. Em vez de discursos vazios sobre apoio ao produtor, Santa Catarina entrega uma ferramenta concreta. E mais: entrega um modelo que pode inspirar outras regiões do país que ainda insistem em esperar por soluções federais que nunca chegam.
No final das contas, o Coopera Agro SC reafirma uma verdade simples: os maiores avanços do agronegócio catarinense sempre aconteceram quando o estado deixou de ser espectador e passou a ser aliado. E quando isso ocorre, quem ganha não é apenas o produtor — é toda a economia catarinense, que move o Brasil mesmo quando o Brasil parece parado.
Se bem executado, o Coopera Agro SC não será apenas um programa. Será um marco.





