
A cena política brasileira caminha para um desfecho que, para muitos analistas, parece cada vez mais previsível: a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. O presidente do PT, Edinho Silva, já declarou que esta é a “prioridade zero” do partido. Não há plano B, não há hesitação — todo o esforço eleitoral será para garantir mais quatro anos de governo.
O debate, no entanto, não é apenas eleitoral. Ele é também geopolítico. O Brasil vive um momento delicado nas suas relações internacionais. De um lado, um atrito comercial crescente com os Estados Unidos, acentuado pela imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pela administração Trump. De outro, um aprofundamento dos laços econômicos e estratégicos com a China, que já é o nosso maior parceiro comercial e detentora de investimentos pesados em setores como energia, infraestrutura e telecomunicações.
Não é exagero dizer que, caso o PT conquiste a reeleição, o Brasil terá um alinhamento ainda mais estreito com Pequim. As visitas de alto nível, os acordos bilionários assinados e a ausência de barreiras a empresas chinesas como a Huawei são sinais de que a relação vai além da retórica — ela já está entranhada nas cadeias produtivas e nas decisões de investimento.
É aí que entra a provocação desta coluna: será que o brasileiro médio, para prosperar no futuro, vai precisar aprender mandarim?
A pergunta não é literal, mas simbólica. Falar mandarim, aqui, significa entender que o centro de gravidade da economia brasileira pode estar migrando cada vez mais para a Ásia. Exportadores, investidores, startups e até governos estaduais já percebem que compreender o mercado chinês não é mais uma opção, mas uma necessidade. Dominar o idioma e a cultura de negócios chinesa pode ser, sim, um diferencial competitivo real para quem quer sobreviver e crescer nesse novo cenário.
Os próximos anos, caso se confirme a vitória petista, provavelmente consolidarão essa tendência. O Brasil, pragmático, continuará dizendo que “não escolhe lados”, mas na prática dependerá cada vez mais do apetite chinês por soja, minério, petróleo e — em breve — tecnologia verde. Isso não significa um rompimento automático com Washington, mas sim uma reconfiguração das prioridades.
Seja para negociar contratos, atrair investimentos ou defender interesses nacionais, o conhecimento sobre a China — e até o mandarim — pode deixar de ser uma curiosidade acadêmica para se tornar ferramenta estratégica.
E, se isso acontecer, talvez a maior lição não seja linguística, mas cultural: entender que no xadrez geopolítico, quem sabe se adaptar à nova língua do poder global sai na frente.