O ano de 2024 foi marcado por uma sucessão de crises no Brasil, impactando diversos setores da economia e da sociedade. Queimadas históricas, aumentos de preços nos combustíveis, gás de cozinha e carne, além de cortes drásticos na saúde e educação, evidenciaram os desafios enfrentados pelo governo em um cenário de déficits fiscais e estatais.
Aumento nos combustíveis e gás de cozinha sobrecarregam brasileiros
Os combustíveis registraram altas significativas em 2024. O preço médio da gasolina subiu 10,2% no ano, alcançando R$ 6,15 por litro em dezembro. O etanol teve um aumento ainda mais expressivo, de 21,5%, enquanto o diesel, embora em menor escala, subiu 3,1%. Já o gás de cozinha sofreu reajustes que levaram o botijão de 13 kg a ultrapassar R$ 150 em algumas regiões.
Essas elevações estão ligadas à política de preços da Petrobras, variações cambiais e aumentos no custo do petróleo no mercado internacional. O impacto foi direto no bolso do consumidor, especialmente para famílias de baixa renda, já pressionadas por outros aumentos.
Preços das carnes e inflação pressionam o consumo
O preço das carnes disparou em 2024, com cortes como patinho e acém subindo mais de 18% no acumulado do ano. A seca extrema, aliada à retenção de gado para reprodução e ao aumento das exportações, agravou a oferta interna. O resultado foi uma alta de 15,43% nos preços, afetando o consumo nacional e tornando a carne um luxo para muitas famílias.
Saúde e educação: setores cruciais enfrentam cortes severos
Em meio à tentativa de zerar o déficit fiscal, o governo anunciou cortes orçamentários que impactaram diretamente os ministérios da Saúde e Educação. Foram bloqueados R$ 4,4 bilhões da saúde e R$ 1,2 bilhão da educação apenas em julho, com novos cortes em outubro e novembro. Essas reduções ameaçam programas essenciais, como a expansão do ensino integral, e comprometem serviços básicos de saúde.
Déficits recordes nas estatais e no orçamento público
O setor de estatais encerrou o ano com um déficit acumulado de R$ 7,2 bilhões, o maior desde 2002. Esses resultados negativos, somados ao déficit fiscal geral do Brasil, que alcançou R$ 917,6 bilhões (8,54% do PIB), representam um cenário de fragilidade econômica sem precedentes. Estatais como Petrobras e Eletrobras, embora tenham resultados próprios, foram pressionadas por investimentos reduzidos e política de dividendos.
Queimadas: recordes alarmantes e devastação ambiental
O Brasil enfrentou um ano crítico em termos ambientais, com queimadas recordes na Amazônia, Cerrado e Pantanal. A Amazônia registrou quase 135 mil focos de incêndio, o maior número desde 2014. No Pantanal, os incêndios foram os piores já documentados, com efeitos devastadores para a fauna, a flora e as emissões de carbono. As queimadas se intensificaram pela seca extrema, que afetou dois terços do território brasileiro.
O peso das crises em 2024
As crises simultâneas de 2024 evidenciam a necessidade urgente de planejamento estratégico e políticas públicas eficazes. O aumento no custo de vida, os cortes em áreas fundamentais e o impacto ambiental das queimadas colocam desafios monumentais para o Brasil. Sem ações coordenadas, os problemas podem se intensificar nos próximos anos, afetando ainda mais a qualidade de vida da população e a sustentabilidade econômica.