segunda-feira, julho 21, 2025
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A Preta que coloriu o Brasil – Uma homenagem à vida de Preta Gil

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

No domingo, 20 de julho de 2025, o Brasil perdeu mais do que uma cantora. Perdemos uma força da natureza, uma mulher que, em meio a um mundo repleto de rótulos e preconceitos, escolheu ser inteira, intensa e verdadeira. Preta Gil não foi apenas filha de Gilberto Gil, foi filha da coragem, do enfrentamento e da arte em estado bruto.

Preta era música, mas era muito mais do que isso. Era um corpo político, uma alma livre, uma mulher que, com a voz e com o corpo, desafiou padrões estéticos, morais e culturais. Gorda, preta, sensual, debochada, elegante, desbocada e profundamente amorosa. Uma artista que se fez presente não apenas nos palcos do Carnaval ou nos estúdios de gravação, mas nas trincheiras das lutas sociais: contra o racismo, contra a homofobia, contra o machismo, contra a hipocrisia.

Sim, ela cantava. Mas era quando falava, ou apenas existia, que transformava. Com seu Bloco da Preta, ela abriu alas para corpos marginalizados dançarem no centro da avenida. Com sua agência Mynd, deu voz e espaço para artistas e creators diversos, criando um novo jeito de fazer comunicação e marketing no Brasil. Com sua vida pública, mostrou que não há doença que apague brilho, nem dor que roube afeto.

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O câncer, que a acometeu de forma cruel, tentou silenciar sua alegria. Mas mesmo no hospital, mesmo em meio a cirurgias longas e dolorosas, Preta escolheu viver com dignidade, expondo sua trajetória com a sinceridade que sempre teve. Falou de medos, de fé, de superação. Tornou a fragilidade uma ponte para a empatia. E, no fim, partiu como viveu: de cabeça erguida, rodeada de amor, deixando um país inteiro com os olhos marejados.

Ela foi afilhada de Gal Costa, filha de Gilberto Gil e sobrinha de Caetano. Mas não se engane: não herdou apenas um sobrenome poderoso. Preta construiu sua própria história, sua própria marca, seu próprio legado. Não há como contar a história da cultura pop brasileira do século XXI sem citar o nome dela. E não há como falar sobre empoderamento feminino, liberdade sexual e combate à intolerância sem lembrar de suas palavras firmes e seu sorriso largo.

Sua morte deixa um vazio que nenhuma homenagem consegue preencher. Mas seu rastro é tão luminoso, tão generoso, que nos resta agradecer. Agradecer por cada música, por cada entrevista, por cada post sincero nas redes sociais. Agradecer por ter sido, sem medo, exatamente quem era.

O Brasil ficou mais silencioso sem Preta Gil. Mas ficou também mais consciente, mais amoroso, mais corajoso, porque ela passou por aqui. E porque, de algum lugar, ela segue cantando para que sejamos mais livres, mais doces e mais humanos.

Descanse, Preta. Ou melhor, brilhe. Você nunca foi de se apagar.

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