domingo, setembro 7, 2025
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A anistia como caminho para a reconciliação nacional

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

Há momentos na história de um país em que a letra fria da lei, ainda que correta, não basta para curar feridas. O episódio de 8 de janeiro de 2023, com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, foi uma página lamentável que atingiu em cheio a democracia brasileira. A Justiça respondeu com firmeza, o Supremo Tribunal Federal conduziu processos, centenas de pessoas foram condenadas e outras tantas fizeram acordos. Mas a pergunta que permanece é: o Brasil vai se apequenar em rancor ou vai se erguer com espírito de reconciliação?

O peso da punição e o limite da justiça

Não há dúvida de que os responsáveis precisam responder por seus atos. Mas a realidade é que, passados mais de dois anos, muitas das pessoas condenadas eram cidadãos comuns, sem papel de liderança ou comando, envolvidos mais por arrebatamento emocional do que por intenção golpista estruturada. Cumpriram prisões preventivas, sofreram multas pesadas, restrições sociais, estigmatização. A Justiça cumpriu sua missão, mas a sanção já produziu efeitos suficientemente dissuasórios. Seguir punindo de forma desproporcional ameaça converter a lei em vingança, e não em justiça.

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O valor histórico da anistia

A anistia não é uma invenção recente. Ela foi instrumento de pacificação em vários momentos da história brasileira: após a Guerra do Paraguai, após conflitos internos e, sobretudo, no fim da ditadura militar. Em todos esses contextos, havia crimes graves, feridas abertas e divisões profundas. A anistia foi o gesto que permitiu ao país olhar para frente, mesmo sabendo que não apagava os erros do passado.

Democracia se fortalece com inclusão, não com exclusão

É ilusório imaginar que a democracia se consolida afastando para sempre milhares de brasileiros que erraram, mas que continuam sendo parte do tecido social. A democracia é diálogo, e diálogo exige reintegração. A anistia não significa absolver o crime em si, mas perdoar a pessoa depois de um período de aprendizado e punição proporcional. É dar uma segunda chance. Negar essa possibilidade é perpetuar ressentimentos que, no longo prazo, corroem mais do que fortalecem a ordem democrática.

Um gesto de grandeza, não de fraqueza

Governos e instituições que anistiam não demonstram fraqueza, mas grandeza. A força de um Estado democrático não está em esmagar para sempre o opositor, mas em reinseri-lo no pacto social. Ao aprovar a anistia, o Congresso enviaria a mensagem de que a democracia brasileira é suficientemente madura para punir, aprender e perdoar. Seria um passo corajoso, capaz de transformar o 8 de janeiro de 2023 não em ferida eterna, mas em lição de reconciliação nacional.

Chegou a hora de virar a página

O Brasil precisa virar a página. Não se trata de ignorar a gravidade do que ocorreu, nem de apagar responsabilidades. Trata-se de compreender que justiça não pode se confundir com revanche. A anistia, se aprovada, não absolverá os culpados da história, mas permitirá ao país seguir adiante sem carregar um peso desnecessário. É hora de escolher a reconciliação em vez do rancor, a grandeza em vez da mesquinharia. O futuro democrático do Brasil depende disso.

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