Na sequência natural da vida os anos de vitalidade e juventude nos trazem uma certa sensação de imortalidade, e do futuro ser tão distante ao ponto de não ser necessário nos preocuparmos no momento.
Ocorre, caro leitor, que o futuro já é amanhã e isso não podemos ignorar. É um tempo em que depositamos muita esperança e expectativa de algo maior e mais sólido na realização de nossos projetos e sonhos.
Mas são poucas as vezes que nos lembramos que é no futuro que também pode morar nosso cansaço, nosso desejo por uma rotina menos atribulada, limitações físicas e/ou cognitivas que nos impedirão de realizar projetos mais arriscados e ousados.
Também é no futuro que a maioria das casas estará mais populosa com filhos e netos, o que não deixa de ser maravilhoso, embora as vezes, possa ser caro. Quando somos jovens temos a urgência do agora, de experienciar tudo o que se apresenta no âmbito pessoal e profissional.
Nos “jogamos de cabeça”, e não são poucos os que caem e levantam inúmeras vezes, ganhando e perdendo, sendo vitoriosos ou até falindo. Raros são os que se organizam no presente, para a fase em que a idade trará seus dissabores – que podem ser contornados, amenizados ou até resolvidos com as reservas que devemos fazer na fase áurea da juventude.
O estilo de vida que levamos no presente vai nos proporcionar a colheita em nossa terceira fase, quando reduziremos a velocidade e nos cuidar. O hábito de cultivar reservas não é da cultura do brasileiro.
Não exercitamos a cautela: aqui falo das massas e, sim, estou generalizando, porque o tema assim pede. Para isso temos a preocupação da sociedade em impor ao cidadão o dever de reservar valores para esse futuro, para o momento da vida em que as forças nos faltarem.
A vida em sociedade trouxe também a necessidade de estabelecermos regras de convivência e o poder de geri-las na figura fictícia do ESTADO. Sendo assim, através de tributos, o Estado resolveu gerir o futuro do cidadão estabelecendo um seguro chamado previdência.
Aos que trabalham e tem remuneração, a contribuição é obrigatória e será usada para custear a fase da velhice dos seus cidadãos. Talvez o Estado não seja o melhor gestor desses recursos e isso nem discutirei no momento. Por hora fica o dito “mal necessário”, pois a sociedade é responsável pelo cidadão que a forma e por seu destino.
Sendo assim, nosso sistema previdenciário é universal, todos para todos, e não capitalizado individualmente. Neste aspecto espero que a consciência da massa avance para que também nos seja possível avançar em termos de previdência a ponto de cada um utilizar os benefícios daquilo que contribui individualmente e devidamente investido.
Essa reflexão busca elucidar a obrigatoriedade da contribuição e a sua universalidade, e mais, justificar o porquê mesmo após aposentado, se você seguir produtivo, trabalhando e sendo remunerado, também seguirá contribuindo para a aposentadoria do seu próximo, mesmo já na posse da sua. No nosso sistema de previdência, todos assumem a responsabilidade pela aposentadoria de todos.
Mudar tais regras implica na mudança de cultura e mentalidade de nossa sociedade, que deve amadurecer, evoluir, estudar, planejar, reservar e avançar. Sem isso, o Estado como gestor ainda se faz necessário.
O lado bom de tudo isso é que embora a previdência tenha sofrido inúmeras mudanças – e vou trazer todas para vocês aos poucos – nunca antes se falou tanto sobre previdência quanto atualmente. Só assim evoluiremos, está será a única maneira de se dar passos maiores para uma sociedade mais madura e bem informada. Espero tenha sido útil para você!