O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, encerrou 2024 com alta acumulada de 4,83%, acima do teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central. Em dezembro, o índice subiu 0,52%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10).
O resultado anual foi impulsionado principalmente pelos grupos de Alimentação e Bebidas (+7,69%), Saúde e Cuidados Pessoais (+6,09%) e Transportes (+3,30%), que juntos responderam por cerca de 65% da inflação de 2024. Entre os itens individuais, a gasolina teve o maior impacto, acumulando alta de 9,71% no ano.
Apesar do avanço, o IPCA ficou levemente abaixo das expectativas do mercado, que previa alta de 0,57% em dezembro e 4,88% no acumulado do ano, segundo pesquisa da Reuters.
O descumprimento da meta coloca o Banco Central em uma posição desafiadora. Sob a nova presidência de Gabriel Galípolo, a autoridade monetária terá que explicar ao governo as razões para o desvio e apresentar medidas para trazer a inflação de volta aos limites estabelecidos.
O BC intensificou o aperto monetário no final de 2024, elevando a taxa Selic para 12,25% ao ano e sinalizando novas altas. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para 28 e 29 de janeiro.
Entre as pressões para a alta dos preços, o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, destacou os impactos das condições climáticas adversas sobre os alimentos e a contribuição significativa da gasolina. Por outro lado, itens como passagens aéreas, que acumularam queda de 22,2% no ano, ajudaram a conter a inflação.
A difusão da inflação, que mede o espalhamento das altas de preços, subiu para 69% em dezembro, indicando maior disseminação dos reajustes, enquanto a inflação de serviços, associada ao mercado de trabalho aquecido, fechou o ano em 4,78%.