
Santa Catarina enfrenta uma escassez crescente de caminhoneiros, o que já provoca impactos diretos na logística e no transporte de cargas. Segundo o Setransc (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Sul de SC), entre 7 e 8 mil caminhões estão parados por falta de motoristas habilitados — prejuízo estimado em cerca de R$ 30 milhões por mês para as transportadoras.
O problema é parcialmente contido pela atual retração econômica no país. No entanto, caso ocorra uma retomada no mercado, o cenário pode se agravar rapidamente. “Se houver uma melhora na economia, a falta de motoristas vai explodir. A situação pode ficar crítica não só em Santa Catarina, mas no Brasil como um todo”, afirma o presidente do Setransc, Lorisvaldo Piúco.
A escassez afeta setores estratégicos como o transporte de insumos, alimentos e produtos industrializados, fundamentais para manter o ritmo da economia catarinense. O sindicato alerta que a falta de mão de obra pode comprometer o escoamento da produção e ampliar custos logísticos.
Por que faltam caminhoneiros?
Segundo Piúco, três fatores principais explicam o déficit:
- Insegurança nas estradas
- Baixos salários, especialmente no transporte de carga fracionada
- Desinteresse dos jovens pela profissão, que buscam áreas ligadas à tecnologia
“A insegurança é tanta que motoristas experientes não incentivam os filhos a seguirem o mesmo caminho. Além disso, os jovens têm se direcionado para profissões tecnológicas, com melhores condições e perspectivas”, explica.
Impacto e busca por soluções
O Setransc integra o Sistema Fetranscesc, que reúne 13 sindicatos do setor no estado. A entidade cobra políticas públicas e ações de incentivo para reverter o quadro. Entre as medidas defendidas pelo setor estão:
- Melhoria no valor dos fretes, para elevar salários
- Programas de formação e capacitação de novos motoristas
- Refinanciamento e apoio para aquisição de habilitação profissional
- Investimentos em infraestrutura rodoviária e segurança
Uma das iniciativas em andamento é o Programa CNH Emprego na Pista, do Governo de Santa Catarina, que facilita e subsidia a retirada de habilitações profissionais.
Apesar disso, Piúco destaca que o avanço ainda é lento. “A precariedade das rodovias e a falta de fiscalização aumentam a sensação de insegurança. Esse é hoje o principal medo relatado por quem entra na profissão.”
Se o ritmo atual for mantido, o setor teme atrasos na distribuição, aumento de custos logísticos e impacto direto na cadeia produtiva catarinense.







