sexta-feira, maio 30, 2025
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Quinta da Opinião: A corrupção em nosso quintal

Leia a coluna do Dr. Vinícius Antohaki no Quinta da Opinião


Como se não bastassem os escândalos recentes envolvendo associações e sindicatos que, sorrateiramente, descontavam valores indevidos de aposentados e pensionistas, agora somos surpreendidos por mais uma grave denúncia: o afastamento de dois servidores do INSS de Chapecó, investigados por integrarem um esquema de fraude milionária na concessão de benefícios.

O impacto vai muito além da esfera criminal. Essa sucessão de escândalos mina a confiança da população em um dos pilares do Estado, a previdência pública. O que deveria ser um instrumento de amparo e justiça social está sendo, pouco a pouco, corroído por dentro.

A operação deflagrada nesta semana pela Polícia Federal, batizada de “Destoante”, revelou que servidores se apropriavam de processos administrativos para conceder benefícios fraudulentos, incluindo vultosos pagamentos retroativos. O prejuízo estimado aos cofres públicos ultrapassa R$ 2 milhões, com potencial de alcançar mais de R$ 22 milhões, caso os benefícios indevidos não tivessem sido suspensos a tempo.

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Não estamos falando apenas de cifras, estamos falando de vidas. Cada real desviado é um recurso que falta ao cidadão honesto, aquele que trabalhou e contribuiu durante décadas acreditando que teria amparo quando mais precisasse. E é justamente esse cidadão que enfrenta filas, burocracia e desconfiança quando tenta acessar o que lhe é de direito.

Mais do que um crime contra o erário, é uma violação dos princípios que sustentam a proteção social no país. Ao distorcer o sistema em causa própria, o servidor público não apenas infringe a lei, ele sabota a função pública e fere o interesse coletivo de forma direta.

É impossível ignorar que o cenário exige respostas firmes. Não apenas a responsabilização dos envolvidos, mas também uma profunda revisão dos mecanismos de controle e fiscalização, com reforço da transparência e do acesso da população à informação.

Além disso, é imprescindível que as esferas municipais e estaduais estejam igualmente atentas à conduta de seus servidores. A corrupção não está restrita aos grandes centros ou às altas cúpulas, ela pode florescer silenciosamente onde menos se espera, no interior, nas pequenas secretarias, no nosso próprio quintal.

E há, sim, formas de identificar e coibir esses comportamentos. O acompanhamento da evolução patrimonial de agentes públicos, o fortalecimento dos canais de denúncia e a atuação efetiva e despolitizada das ouvidorias e corregedorias são mecanismos indispensáveis que precisam ser levados a sério.

Chapecó, assim como tantas outras cidades brasileiras, não pode ser palco de práticas que transformam o serviço público em terreno fértil para a corrupção. A sociedade exige, e merece, instituições confiáveis, éticas e eficientes.

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