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Projeto multimídia busca mostrar a imigração haitiana de outra forma

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Foto: Sirli Freitas

Odeline Joseph tem 23 anos, veio do Haiti e estabeleceu morada em Chapecó em 2019. Atualmente trabalha na Pastoral do Migrante, e nesses três anos criou vínculos, desenvolveu afetos e força junto à comunidade haitiana na cidade, uma das maiores do Brasil: “Antes de morar aqui, eu não sabia que dava para ser feliz numa casa que não é sua”, conta em uma vídeo-carta que integra o projeto.

Além de Odeline, a estimativa, de acordo com registros da Polícia Federal, é de que vivem em Chapecó mais de 14 mil haitianos. No Brasil, conforme pesquisa realizada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), divulgada em setembro de 2021, aproximadamente 93 mil haitianos entraram em território brasileiro entre 2010 e 2017.

Para registrar e mostrar, através da imagem, o que tem ajudado os haitianos a se estabeleceram no Brasil, e de maneira específica em Chapecó, a fotojornalista Sirli Freitas iniciou uma pesquisa há cerca de quatro anos junto à comunidade haitiana, participando de sua rotina, conhecendo seu integrantes, suas dificuldades e momentos de celebração. Tudo isso foi documentado de maneira poética a partir de três diferentes eixos: a religião, o alimento e a beleza. Três pontos considerados pelos haitianos como importantes no seu processo de migração.

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Dentre os objetivos do projeto, que foi Contemplado pelo Edital de Fomento e Circulação das Linguagens Artísticas de Chapecó, está oportunizar um novo olhar voltado à valorização da comunidade haitiana. Sirli Freitas explica seu desejo de alcançar esta visão: “Independente do ponto em que estamos abordando nos registros, nas fotografias e nos vídeos, o nosso objetivo central é o mesmo: oportunizar outro ponto de vista para a comunidade haitiana, inseri-los na sociedade, valorizar a cultura de um povo que tem ajudado a construir e a manter a nossa cidade e região com muito trabalho. Ao mesmo que apresentar a sua riqueza cultural, que agora também é nossa, pois complementa e agrega na diversidade cultural da nossa região”.

Rosane Padova, do Grupo de Apoio ao Imigrante Refugiado do Oeste de Santa Catarina, relata os desafios dos imigrantes ao chegarem em Chapecó: “geralmente os imigrantes passam muitas dificuldades para chegar até aqui, eles abrem mão de muita coisa, deixam suas famílias, seus bens materiais, muitas vezes precisam deixar sua mala pelo caminho, suas roupas, seus pertences, mas todos chegam aqui com a sua riqueza cultural”.

De acordo com Sandra Bordignon, professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), e pesquisadora dentro da temática migração, esse movimento é um convite à troca de olhares, onde todos saem ganhando: “Os registros deste trabalho nos ensina a nos envolver cada vez mais com essa temática, abrindo ainda mais nossos horizontes de forma empática e principalmente nos mostra a presença dos imigrantes haitianos na cidade e na região. A busca por morada nos faz refletir ainda mais no viés do direito de ficar, permanecer e moldar um determinado ambiente de forma rica e peculiar. Chapecó é morada de todos e todos podem permanecer. Que sejamos acolhedores e apoiadores daqueles que chegam”.

O Projeto Chegança já realizou dois encontros levando as produções do projeto para serem compartilhadas: uma delas na Unochapecó, e a outra na Praça Coronel Bertaso. As próximas ações acontecerão dentro da comunidade haitiana. Todos os arquivos e registros desenvolvidos ao longo da pesquisa podem ser acessadas através do perfil A Casa é um Mar no Instagram.

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