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Cantora chapecoense lança novo single intitulado Fênix

O que tem em comum entre Amanda Cadore, Dandara Manoela e Joana Castanheira? Se olharmos rápido certamente não encontraremos muitas semelhanças, mas para quem observa sem pressa, abre os ouvidos para uma escuta generosa voltada ao trabalho das três artistas e tenta ir um pouco mais a fundo no cenário político, social e cultural para as mulheres, com certeza irá encontrar um ponto em comum: as três assumem o protagonismo da suas histórias, defendem e ocupam o espaço da mulher na música no Estado e abrem o caminho para tantas outras. A partir desta quinta-feira, 11/08, as compositoras terão mais um ponto em comum nas suas histórias: um trabalho desenvolvido em parceria, que integrará o novo EP da artista Amanda Cadore.

“Fênix” surge após o período pandêmico, um momento denso para artistas de diferentes linguagens de todo o País, e não poderia ser definida de outra maneira por Amanda: “perdão, recomeço, novos ciclos e fases, ou qualquer palavra, sentimento, experiência, que possamos relacionar com esse renascimento”, explica. “Eu escrevi essa música já faz um ano, demorou um mês entre o dia que eu anotei a ideia até o dia que eu fiz a gravação dela com letra. É uma música sobre um trauma, sobre querer desistir, me sentir sem força, então esse momento, muito íntimo pra mim, foi transformado em música. Umas das ferramentas que eu mais uso nas minhas composições é entrar a fundo nesses momentos. Fênix pra mim fala muito sobre perdão. O perdão dos outros, mas também o nosso. Quando criamos, a música é como um filho que é nosso, mas quando compartilhamos, cada um também dá e entrega o seu significado, faz a sua leitura. Esse processo de renascimento e de reacreditar marcou muito a vida de muitos artistas com o passar do ápice da pandemia”, continua a artista.

A parceria nessa nova criação surge como uma ideia afetiva em meio ao processo criativo. “Essa música eu criei para ser cantada por mulheres. No momento em que a gente chama outra pessoa pra cantar uma música que é nossa, vem junto toda essa bagagem do artista, só por isso ela já traz múltiplos significados. Fazer essa parceria com artistas tão importantes pra mim, com trabalhos tão incríveis, também é uma maneira de ressignificar esse trabalho e deixar ele ir pro mundo, a partir desse momento tão afetuoso que é a troca”, acrescenta Amanda

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Para Joana Castanheira é muito importante mulheres se aliarem em todos os cenários, incluindo no criativo. “Esse trabalho junta três potências, três mulheres muito fortes, cada uma com a sua identidade bem definida. A Amanda foi muito feliz na escolha de nós três, porque ficou um trabalho tão bonito, tão potente. Eu acho muito importante nós estarmos juntas, até pra acabar com a ideia de rivalidade entre as mulheres. Esse trabalho representa um pouco isso: colocar mulheres lado a lado, que andam juntas e fazem música juntas!”, pontua.

A parceria também é uma forma de descentralização. “Eu acredito que esse espaço que a gente quer e procura, primeiro precisa começar entre nós mulheres. Eu comecei minha carreira no oeste e ser acolhida em outra região do Estado, me ajuda a acreditar e a não duvidar. Eu acredito muito que a solução é uma segurar na mão da outra. Quando elas disseram “sim”, foi assim que eu me senti, de mãos dadas. Eu saí do interior onde é absolutamente impossível viver de arte, então estar aqui é muito importante pra minha vida e pro meu caminho”, conta Amanda.

Fortalecimento

Com um cenário nem um pouco convidativo para as mulheres, as três artistas seguem abrindo novos caminhos. Para Joana, esse espaço está cada vez mais sendo ocupado. “Eu penso muito sobre isso. Os homens sempre se viram muito como detentores da informação, da genialidade, e as mulheres vistas muito mais como coadjuvantes, e hoje eu acho que as mulheres estão tomando os espaços. Não só nós estamos nos colocando como proponentes, tão geniais quanto, como talvez até mais. Hoje eu vejo e percebo isso muito nos espaços de composição, essa mudança de uns tempos pra cá. Acho que o nosso papel é se fazer presente e colocar nosso trabalho na rua, pra gente ir tomando um espaço que é nosso também, que deveria ser e que será”, enfatiza.

De acordo com o Portal Elas Por Elas, projeto que mapeia as mulheres na música em Santa Catarina, artistas enfrentam muitas dificuldades em viabilizar suas produções musicais, sobretudo em regiões que não o litoral catarinense. Além disso, menos da metade das artistas mapeadas pelo projeto conseguem viver exclusivamente da música. Para Dandara Manoela, Santa Catarina precisa ser ouvida. “Temos muitas potências na música e na arte no geral, muita gente criando, elaborando e rompendo muitas barreiras. Eu acredito que toda a vez que a gente se reúne, faz esse som e essas vozes chegarem cada vez mais longe, a gente fortalece a cena, mostrando toda essa potência. Estar ao lado dessas artistas que eu admiro e que eu acredito, me potencializa muito. Sinto que a gente fica mais forte”, acrescenta.

Novo Ep chega em setembro

“Fênix” abre o lançamento do EP “Arrebentação – o mar como resposta”, novo trabalho da artista Amanda Cadore, que chegará ao público no mês de setembro, com faixas inéditas, marcando uma nova etapa na carreira da compositora. O álbum foi contemplado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, através da Fundação Catarinense de Cultura – a principal política pública cultural, desenvolvida atualmente no Estado.

Acompanhe outras informações nas redes sociais da artista.

Faça o pré-save aqui.

Texto – Camila Almeida

Fotos: Daniel Gustavo

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