Por Fernando Mattos
Um setor que tem tudo a ver com a nossa história. O crescimento de Chapecó está atrelado à evolução do agronegócio não apenas no município, mas em toda uma grande região. A produção que começou em pequenas propriedades, mais precisamente nas cozinhas, provendo o sustento dos pioneiros foi ganhando corpo, forma e potencial que extrapolam fronteiras. Chapecó exporta para mais de 60 países e carrega a marca de maior produtor de proteína animal do mundo!
A caminhada foi árdua e muitos foram os momentos de dificuldades, mas as características de um povo brioso e de fibra, foram superando uma série de momentos e circunstâncias difíceis.
E nos dias de hoje, as boas notícias ecoam. As maiores plantas de produção de nossa cidade – Aurora, Cooperalfa e Ecofrigo, convivem com uma palavra que soa bem aos ouvidos: expansão. As duas primeiras juntas somam um investimento de R$ 1 bilhão na ampliação de estruturas físicas para ampliar suas linhas de produção e dar conta da demanda mundial que só cresce. Já a Ecofrigo trabalha num plano de ação para expandir uma nova planta e, por questões estratégicas, em breve deverá fazer o anúncio oficial de mais um importante passo em sua história. Inclusive, um dos personagens deste editorial desenvolvido pelo Grupo Condá de Comunicação em comemoração aos 104 anos de Chapecó, foi o fundador do Grupo Bugio, Alceu Parisotto. O empreendedor demonstra, em sua trajetória, a determinação de outros grandes nomes que marcaram nossa história. A Ecofrigo é uma empresa do Grupo Bugio, que atua em toda a cadeia do agronegócio desde 1986.
Quando se fala no Agro é impossível não mencionar a Cooperalfa, que iniciou suas atividades em 29 de outubro de 1967 com a fundação da Cooperativa Mista Agropastoril de Chapecó LTDA – Cooperchapecó.
Aury Luiz Bodanese surge como um líder na fundação da cooperativa. O setor de Comunicação da Cooperalfa colabora conosco traduzindo aquele momento: “Na época, a cooperativa representava a solução para os problemas de venda e escoamento da produção de grãos e suínos, remuneração mais justa e valorização do trabalho de pequenos e médios produtores rurais. A ideia era evitar as negociações com intermediários particulares”. O Conselho Administrativo hoje é presidido por Romeo Bet.
Já a Aurora Alimentos nasce em 15 de abril de 1969, tendo novamente o protagonismo de Aury Bodanese, que assume a primeira presidência. A Aurora hoje é o terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes. No ano de 2020 apresentou uma receita operacional bruta anual de R$ 14,6 bilhões. Gera mais de 35.000 empregos, possui 11 cooperativas agropecuárias filiadas. Sua base no campo é de 67.888 famílias de produtores rurais. Quando falamos nas linhas de produção, os números seguem impressionantes: abate de 1 milhão de aves/dia, 25 mil suínos/dia e produção de 1,5 milhão de litros de leite/dia.
O Conselho de Administração é presidido por Neivor Canton.
O Agro hoje
O setor vive um momento de constante quebra de recordes. Os números confirmam a máxima de que o agro realmente é um dos pilares da economia brasileira – prova disso são os dados relativos a 2020.
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cresceu 2,06% em dezembro do ano passado. Deste modo, o PIB do setor avançou 24,31% em 2020 (frente a 2019), e alcançou participação de 26,6% no PIB brasileiro (participação que era de 20,5% em 2019). Em valores monetários, o PIB do país totalizou R$ 7,45 trilhões em 2020, e o PIB do agronegócio chegou a quase R$ 2 trilhões.
E os avanços não param por aí.
O agro celebra a aprovação recente de dois marcos regulatórios, que promoveram avanços há anos esperados: a Lei 13.986/2020, conhecida como Lei do Agro, e a Lei 14.130/2021, que instituiu o festejado Fiagro.
Já a internet 5G no campo aumentará ainda mais a agilidade do agronegócio. Em parceria com o Ministério das Comunicações, serão instaladas antenas de conexão 5G como pilotos para o leilão da tecnologia, que acontece ainda este ano no Brasil.
O setor de máquinas e implementos agrícolas vive um dos melhores momentos dos últimos sete anos, segundo a Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A mecanização do campo, inclusive de pequenas e médias propriedades, tem modernizado os processos e auxiliado no desenvolvimento das culturas. A abertura de novos mercados também é uma constante no setor.
Desafios pelo caminho
Essa verdadeira evolução das últimas décadas trouxe inúmeros desafios. Para seguir crescendo com consistência e acompanhando a também crescente demanda, é necessário seguir investindo em pesquisas bem alinhadas entre os setores público e privado. Afinal, mesmo com o status de grande exportador, o Brasil enfrenta um mercado competitivo, onde pesam os aumentos constantes na rede de insumos que sustentam a cadeia produtiva. E quais são os demais desafios?
Crise Hídrica
Segundo matéria publicada no site da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 2021, o país passa pela pior crise em 91 anos, o que afeta diretamente o nível dos reservatórios dos subsistemas elétricos, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Para evitar o racionamento de energia, o Governo Federal anunciou um conjunto de medidas que inclui o acionamento das usinas térmicas, aumento de tarifa e estímulo ao uso racional de água e energia. Responsável por 70% da capacidade dos reservatórios de todo o Sistema Interligado Nacional, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) vem reduzindo rapidamente a quantidade de água armazenada nos últimos anos. No final de abril, após o período de chuvas, o percentual de água armazenada, de 34,7%, foi o menor desde 2015, ano da crise hídrica anterior. Nos últimos dez anos, a quantidade de água nos reservatórios do subsistema SE/CO ficou acima de 80% apenas uma única vez, em 2011. Fonte: CNI
Os efeitos se traduzem em atrasos no desenvolvimento de culturas perenes das principais commodities exportadas pelo país, além de pastagens deterioradas, que prejudicam o desenvolvimento dos rebanhos.
Geada e pragas
O sul do Brasil vem sofrendo com temperaturas que há décadas não eram registradas, impactando intensamente as culturas de grãos. As fortes geadas também contribuem para os aumentos sucessivos nos valores dos insumos. Santa Catarina enfrenta o déficit de milho que sustenta as grandes linhas de produção de aves e suínos. Recentemente, a praga da cigarrinha do milho impactou negativamente essa cultura.
Peste Suína Africana
Aqui reside uma das maiores preocupações do momento. A temida Peste Suína Africana dizimou criações de suínos na China entre 2018 e 2019, e teve registro de focos na República Dominicana, em nosso continente.
Enquanto o governo brasileiro mantém as medidas de fiscalização e controle sanitário em portos e aeroportos, o governo catarinense, através de suas estruturas técnicas e com amparo do setor privado, encampa um amplo plano de ação. Sua base é o trabalho de décadas que consolida nossa política de excelência em sanidade – só assim nos tornamos o principal produtor e exportador de carne suína do Brasil. Nosso estado segue ampliando sua presença no mercado internacional. Em julho alcançamos o faturamento de US$ 133,5 milhões, com 53,2 mil toneladas embarcadas. O resultado demonstra um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo números divulgados pelo Ministério da Economia.