
A qualidade do sono tem sido cada vez mais estudada no mundo atual. A medicina do sono investiga não apenas problemas relacionados a um sono não reparador, mas também formas de prevenir distúrbios que afetam diretamente a qualidade de vida. Dormir bem é essencial para uma vida saudável e um envelhecimento equilibrado, assim como manter uma alimentação adequada e praticar atividades físicas.
Os seres humanos nunca dormiram tão pouco quanto nas últimas décadas. Esse cenário é consequência de um mundo cada vez mais conectado e acelerado, onde o sono muitas vezes é visto como um tempo “não produtivo”. Hoje, dormimos menos do que nossos avós e pais, e essa tendência se reflete também nas crianças. Além da redução do tempo de descanso, a qualidade do sono tem sido prejudicada pelo estresse e pela rotina agitada da maioria das pessoas. Estima-se que 60% da população mundial sofra com algum distúrbio do sono.
Dormir mal impacta diretamente o metabolismo, tornando o organismo mais suscetível a diversas doenças. Um sono reparador é fundamental para a produção hormonal adequada, fortalecimento do sistema imunológico, regeneração celular e funcionamento correto do cérebro. No entanto, esses processos só acontecem quando o sono é contínuo e de qualidade. Por isso, o ronco e as pausas respiratórias – conhecidas como apneias – merecem atenção. Ronco e apneia não são normais e não devem ser ignorados, seja em crianças, adultos ou idosos.
O ronco indica uma obstrução na via respiratória, que se agrava ao deitar e durante o relaxamento do corpo. No passado, a principal preocupação era apenas com o barulho incômodo, mas hoje sabemos que as repercussões fisiológicas são muito mais graves. A apneia do sono, por exemplo, é caracterizada pela interrupção da respiração, levando à queda da oxigenação no sangue e despertares frequentes ao longo da noite. Essas pausas podem durar mais de 10 segundos e são consideradas anormais quando ocorrem mais de cinco vezes por hora.
A apneia pode ser causada por alterações anatômicas e pela redução da atividade dos músculos dilatadores da faringe. A obesidade é um fator de risco significativo, pois o acúmulo de gordura pode estreitar as vias respiratórias superiores.
Pessoas que roncam e têm apneia são avaliadas para medir sua oxigenação e qualidade do sono. O ronco é um indicativo de sono instável do ponto de vista cardiovascular e endócrino.
Mas o que acontece no organismo de quem ronca?
• Os hormônios de saciedade e fome se desregulam, favorecendo o ganho de peso.
• O cortisol (hormônio do estresse) permanece elevado.
• O sistema imunológico fica comprometido.
• O coração não reduz adequadamente os níveis de pressão arterial.
As apneias ocorrem frequentemente junto com o ronco, mas o paciente geralmente não percebe. No entanto, os reflexos de uma noite mal dormida aparecem no dia seguinte: maior fome, sistema imunológico fragilizado, dificuldades de memória, pressão arterial elevada e sonolência excessiva ao longo do dia.
Cerca de 30% da população brasileira sofre com ronco e apneia, condições que devem ser investigadas e tratadas. Se você ronca ou percebe pausas na respiração durante o sono, converse com um médico especialista. Não ignore os sinais! O ronco e a apneia comprometem sua qualidade de vida, mas têm tratamento.
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@amandacostaotorrin
Médica pela UFRGS 2011
Otorrinolaringologista HCPA 2015
Fellowship em rinologia e cirurgia endoscópica HCPA 2016
Fellowship rinologia II e cirurgia de base de crânio HCPA 2017
Mestre em saúde da criança e adolescente pela UFRGS 2017
Pós-graduanda em Medicina do Sono pelo instituto do Sono Adulto e Infantil 2019
Médica do tráfego RQE 39264 2021
Ex-Presidente Da Absono Santa Catarina 2022-2024
Co-Fundadora @triodosono
CEO do Instituto Costa e Alba e Vitalsono Gaúcha com orgulho e chapecoense de coração