OUÇA AO VIVO

InícioClic SaúdeClic Saúde: Alcoolismo e suas consequências médicas e psicossociais

Clic Saúde: Alcoolismo e suas consequências médicas e psicossociais

Saiba mais informações com o Dr. Leonardo Hansen:

Foto: Divulgação

Atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define o alcoolista como um bebedor excessivo, cuja dependência em relação ao álcool é acompanhada de perturbações psíquicas, problemas na saúde física e de relações sociais e econômicas.

Trata-se de uma doença crônica e multifatorial reconhecida pelo CID (Classificação Internacional de Doenças) com profundo impacto psicossocial ao indivíduo e familiares, além de importante desgaste econômico à saúde pública.

Para manifestar-se, fatores intrínsecos e extrínsecos devem combinar-se. Ou seja, a susceptibilidade biológica associada a fatores culturais de uma sociedade que por um lado promove seu uso e por outro discrimina o indivíduo que desenvolve abuso patológico, ou seja, o paciente que manifesta a doença associada ao uso excessivo e compulsório.

- Continua após o anúncio -

Diferentes tipos de questionários podem ser realizados para abordagem na suspeita de uso abusivo de álcool. Um desses questionários utilizados utiliza quatro simples perguntas para triagem do paciente:

– Você já sentiu que deveria diminuir a bebida?
– As pessoas já o irritaram quando criticaram sua bebida?
– Você já se sentiu mal ou culpado a respeito de sua bebida?
– Você já tomou bebida alcoólica pela manhã para reduzir o nervosismo ou para se livrar de uma ressaca?

Apenas duas respostas positivas já indicam o uso abusivo com necessidade de avaliação médica para início dos diferentes tipos de intervenções.

Os malefícios para o indivíduo com alcoolismo podem se manifestar de diversas formas, com uma estimativa de até 200 tipos diferentes de doenças e lesões decorrentes do abuso de álcool, envolvendo doenças como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, arritmias, gastrite e úlcera gástrica, hemorragias digestivas, esteatose e cirrose hepática, hepatite alcoólica, doenças diversas que podem levar a insuficiência hepática, alterações no colesterol e triglicerídeos, deficiências vitamínicas, anemias, transtornos de coagulação, problemas neurológicos periféricos e centrais, como aumento de risco de acidente vascular cerebral, além de diversos transtornos neuropsiquiátricos como depressão e síndromes demenciais. Problemas sociais como crimes, homicídio, abusos familiares e acidentes de trânsito devem ser levados em conta nessa equação.

O álcool também é uma substância carcinogênica de classe 1, estando no patamar das substâncias causadoras de câncer. Câncer de esôfago, mama, colorretal, fígado, estômago, pâncreas são apenas alguns exemplos associados ao seu uso, com o risco em geral sendo diretamente proporcional ao nível consumido.

Além dos problemas causados pela própria saúde do indivíduo, o alcoolismo se relaciona a grandes prejuízos financeiros para o Estado para custear a prevenção, tratamento e a reabilitação do doente e das tantas comorbidades relacionadas ao seu uso e problemas sociais relacionados. Nesse prejuízo econômico devemos também incluir a perda significativa de rendimento do próprio indivíduo, que não consegue realizar e ter uma produtividade adequada em sua vida profissional, consequentemente levando a mais prejuízos econômicos para si e para a sociedade.

Estima-se que aproximadamente até 80% das internações devido ao uso de drogas, entre elas lícitas e ilícitas, são relacionadas ao álcool. Essa informação é de fundamental importância ao levarmos em contato os fatores culturais enraizados na nossa sociedade. O álcool leva a um prejuízo significativamente maior do ponto de vista médico e econômico do que a combinação de outras drogas ilícitas, que por si também já causam danos devastadores, mas levando em conta a ilicitude das mesmas, não causam os impactos psicossociais nem a extensão de problemas médicos e financeiros para a sociedade ao mesmo nível que o álcool traz. Estamos aqui levando em conta apenas internações devido ao abuso de álcool, sem considerar internações clínicas devido a multitude de doenças causadas direta e indiretamente pelo álcool. Estima-se que até 20% das internações clínicas têm o álcool como um dos fatores envolvidos para o desenvolvimento ou para a piora do quadro clínico que leva o paciente à hospitalização.

Nos casos mais graves de alcoolismo, o paciente pode passar por sintomas de abstinência que podem iniciar tão rapidamente quanto 6 a 12 horas após o uso da substância, dependendo da gravidade e tempo de uso. Os quadros de abstinência são caracterizados por uma ampla gama de sinais e sintomas, desde quadros leves de tremores e irritabilidade até quadros críticos e potencialmente fatais, como alucinose alcoólica e delirium tremens, condições com sinais e sintomas evidentemente graves.

Os sinais de gravidade para esses quadros potencialmente fatais podem ser notados pelos colegas ou familiares variando de tremores grosseiros, convulsões, distúrbios na marcha, sudorese intensa, febre, podendo essa ser alta, confusão mental, aumento da frequência cardíaca e oscilações na pressão arterial. Nesses casos, o paciente deve ser encaminhado imediatamente a uma unidade de urgência e emergência ou ao hospital para melhor avaliação e tratamento, algumas vezes com necessidade de internação em Unidades de Terapia Intensiva.

O tratamento do alcoolismo é multidisciplinar, envolvendo acompanhamento médico, psicoterapêutico, nutricional, entre outros. É de fundamental importância também uma boa rede de apoio social, sendo a família e amigos essenciais para o processo de controle da doença e manutenção da abstinência.

Diante do exposto, conclui-se que o alcoolismo trata-se de uma doença crônica complexa com necessidade de reconhecimento e intervenções precoces, com graves consequências médicas, psicossociais e econômicas e com um tratamento que abrange diferentes profissionais de saúde. Políticas públicas devem continuar progredindo para a estimular a redução do consumo e promover o controle das consequências causadas pela doença.

Dr. Leonardo Hansen
Formado em Medicina pela Universidade Luterana do Brasil
Médico especialista em Medicina Interna pela Universidade Federal Fronteira Sul
Formado em Medicina em 2015, realizou sua especialização na área de Clínica Médica, atuando posteriormente no meio intra-hospitalar nas áreas de Internação, Unidade de Terapia Intensiva e Emergência
Reside em Chapecó e hoje tem foco em atendimentos ambulatoriais.

CRM-RS 41441 | CRM-SC 22845 | RQE 23831

Contato: 49 9 9144 0030

Publicidade

Notícias relacionadas

SIGA O CLICRDC

147,000SeguidoresCurtir
120,000SeguidoresSeguir
13,000InscritosInscreva-se

Participe do Grupo no Whatsapp do ClicRDC e receba as principais notícias da nossa região.

*Ao entrar você está ciente e de acordo com todos os termos de uso e privacidade do WhatsApp