



O Ministério Público de Santa Catarina divulgou nesta sexta-feira (11), um levantamento sobre a rede de atenção às pessoas em situação de rua em Santa Catarina. De acordo com o estudo, Santa Catarina conta com 11,5 mil famílias nessa situação. O número praticamente dobrou desde 2021. Somente Florianópolis tem 3.678 famílias em situação de rua, seguida por Joinville, com 963, e Itajaí, com 783. O destaque é que Chapecó, que é o sexto município mais populoso de Santa Catarina, não aparece entre as 13 cidades que concentram a maior parcela da população de rua e que foram objeto do estudo do Ministério Público.
De acordo com o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, isso é reflexo das ações do Programa Mão Amiga, implantado em 2022, com ações de Internamento Involuntário e Voluntário. No ano anterior, Chapecó tinha 416 pessoas em situação de rua. Em janeiro de 2025 esse número foi reduzido para 48. E esse número foi praticamente zerado com as operações conjuntas realizadas com apoio da Polícia Municipal, Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Saúde e secretaria da Família e Proteção Social.
“Nós praticamente zeramos a população de rua em Chapecó. Aqui ninguém precisa ficar na rua, pois nós oferecemos cama, alimentação, banho, tratamento, acompanhamento e capacitação para o retorno ao mercado de trabalho. Chapecó foi uma das pioneiras em políticas públicas para a população de rua. Teve gente que criticou. Mas não poderíamos deixar famílias sofrendo sem tentar. Nem todos vão se recuperar. Mas pra cada um que a gente trouxe dignidade já está valendo a pena. Isso vale mais dos que os milhões em obras que realizamos”, disse o prefeito, João Rodrigues.
A Diretora de Acolhimento e Apoio de Dependentes Químicos da Secretaria da Família e Proteção Social, Paula Gai, que atuou na coordenação do internamento involuntário, informou que o Programa Mão Amiga já atendeu 598 pessoas, sendo que destes 265 estão recuperados, três estão em desintoxicação, 85 em comunidades terapêuticas, sete em residencial terapêutico e 51 voltaram ao município de origem. Apenas 153 recaíram até o momento
“A redução da população em situação de rua no município se deve a um conjunto estruturado de ações que ofertam outras possibilidade de vida, para além da rua”, disse Paula.
O pintor Renan Garcia foi um dos beneficiados pelo programa e disse que isso foi decisivo para sua mudança de vida. Ele foi usuário de drogas durante 15 anos e morava na rua. Ele ingressou no programa há dois anos e meio, ficou um ano e seis meses no Rio Grande do Sul, voltou para a família e reabriu a empresa de pintura. Seu sonho é ter uma casa própria.
Neste ano a Prefeitura de Chapecó também inaugurou a Unidade de Acolhimento Acolher Amigo. A unidade, situada na linha Tafona, situada a 9km do Centro de Chapecó, tem vinte mil metros quadrados de área e foi adquirida de uma igreja, por R$ 2,7 milhões, há alojamento para 148 pessoas, com alas masculina e feminina, espaço para refeitório, cozinha, chuveiros, banheiros, auditório, campo de futebol, piscina e horta.
Atualmente 58 pessoas estão no local. A Secretaria da Família e Proteção Social vai oferecer cursos dentro do Oportuniza Chapecó, como confeitaria, construção civil, cabeleireiro, serigrafia, mecânica e jardinagem.